28 de fevereiro de 2011

Os arquivos da ditadura militar

Da coordenação.

O governo brasileiro precisa criar coragem para enfrentar as forças conservadoras do país e encarar o problema de frente. De longe, o Brasil é um dos países mais atrasados da América do Sul quando se trata de investigar os crimes cometidos por agentes do Estado no período entre 1964 a 1979. Adiar essa questão significa não resolver um dos problemas mais importantes da composição de classes no país.

O esforço do ex ministro da secretaria especial de direitos humanos, Paulo Vanucci, foi alvo da reação da direita brasileira, seus aparatos e seus financiadores, no intuito de impedir qualquer investigação por parte de órgãos públicos. É bem verdade que o presidente Lula se acovardou e a posição, no mínimo dúbia do governo brasileiro que conta com ninguém menos que Nelson Jobim no ministério da defesa, agracia elementos fardados nefastos em detrimento dos familiares das vítimas.


A revista Caros Amigos do mês de Fevereiro deste ano, trás uma importante matéria da jornalista Lúcia Rodrigues. A mesma sugere que a benevolência do Estado brasileiro com estes criminosos deve-se ao fato de que os financiadores do golpe militar são os mesmos setores que patrocinam campanhas políticas Brasil a fora. Essa situação, surreal, ganha contornos dramáticos quando analisada a longo prazo. Os oito anos de governo Lula, preferiram empurrar com a barriga a questão e jogar e o governo Dilma tem um difícil desafio pela frente. Nesses casos a vontade política do executivo é fundamental para avançar nas investigações.

Mesmo sendo condenado pela OEA na questão dos crimes políticos cometidos nos anos de chumbo, nada parece avançar na perspectiva da abertura dos arquivos militares. O ministro Jobim, colocado no cargo para “acalmar” a cúpula do exército, trabalha dia e noite para enterrar as esperanças dos familiares de ver esclarecido os crimes cometidos durante a ditadura. A comissão da verdade proposta no PNDH 3 foi completamente desfigurada dando lugar a um esdrúxulo papelão, denominado “grupo de trabalho Tocantins”.

A ministra Maria do Rosário terá uma difícil tarefa em um governo que compreende setores da extrema direita em postos chave. Os movimentos sociais devem continuar pautando todas as esferas de governo. Esse imbróglio político que aponta toda a dificuldade de praticar as formas mais elementares da democracia nos remete a questão das alianças que são tidas como imprescindíveis para a (maldita) “governabilidade”. Isso incorre em incongruências do tipo que acompanhamos atualmente onde homens e mulheres que ocupam postos no governo foram torturados e na outra ponta setores do mesmo governo que foram cúmplices desta tortura.

O mais recente capítulo desse show de horrores é a nomeação do ex-Deputado Federal José Genoino para a equipe técnica do ministério da defesa. Aliás, em se tratando do Genoino não há lá tanta estranheza assim. Que o digam os companheiros mortos na guerrilha do Araguaia.

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