12 de junho de 2011

Petistas defendem Battisti e ironizam oposição por alinhar-se a Berlusconi


Parlamentares do PT ironizaram hoje (10) o comportamento de oposicionistas brasileiros que se uniram ao governo italiano contra a decisão do Brasil de conceder refugio político ao ex-ativista italiano Cesare Battisti.

"A oposição, representada por pessoas como o senador Demostenes Torres (DEM-GO) está com saudades da época da ditadura brasileira, em que o regime deportava pessoas de esquerda para ditaduras do Cone Sul", disse Devanir Ribeiro (PT-SP).

"A oposição mostra que é subalterna a um governo decadente como o do primeiro-ministro Silvio Berlusconi e mostra que é colonizada", completou Fernando Ferro (PT-PE).

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu a permanência de Battisti no Brasil, decisão ratificada nesta semana pelo Supremo Tribunal Federal (STF) , que decidiu também pela soltura de Battisti, que se encontrava preso desde 2007 no País. O governo italiano protestou contra a decisão do STF e promete entra na Corte Internacional de Haia. A posição do governo italianos é apoiada por integrantes da oposição brasileira.

"A concessão do refugio político é um ato soberano do Estado brasileiro. Nós vivemos numa democracia e estamos longe do que ocorria nos anos 70, quando militantes de esquerda eram deportados pela ditadura brasileira", recordou Devanir Ribeiro. Para ele, o senador Demóstenes Torres "está com saudade dos anos de chumbo e da Operação Condor", disse. A Operação Condor era um sistema de cooperação entre as ditaduras do Cone Sul que incluía a troca clandestina de presos políticos.

Soberania
O vice-líder da Bancada do PT, Fernando Ferro, disse que o "chororô" da oposição por causa de Cesare Battisti revela não só preconceito ideológico como também um comportamento subalterno, colonizado. "Os oposicionistas estão se submetendo aos ditames de um governo decadente como o do direitista Berlusconi", disse Ferro. "O Brasil é um país independente e não reconhecemos nenhuma legitimidade em ameaças da Itália".

Ferro também lembrou que a oposição brasileira não tem estatura moral para questionar a decisão do STF de ratificar o refugio a Battisti concedido pelo governo brasileiro. "Não vimos nenhuma reclamação da oposição quando a Itália não concedeu a extradição do banqueiro Salvatore Cacciola, um ladrão de recursos públicos que ficou anos vivendo livremente na Itália." Ele foi condenado no Brasil por crimes contra o sistema financeiro (peculato e gestão fraudulenta), após seu banco ter sido socorrido pelo Banco Central do Brasil em 1999, quando ocorreu a flutuação cambial. Como ficou foragido na Itália por quase seis anos.

O primeiro refugio a Battisti foi concedido em janeiro de 2009 pelo então ministro da Justiça e hoje governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Ele também reagiu às críticas à decisão do STF. "O que os governantes italianos assumiram é uma posição colonialista e até neofascista, ofenderam a Constituição do País, ofenderam os ministros do Brasil, dizendo que o Brasil é mais conhecido por ter dançarinas do que juristas", afirmou, em Madri, durante entrevista para a Rádio Gaúcha.

Para Tarso, a concessão do refúgio é um ato soberano, sem tem a menor possibilidade de ser revertido em cortes internacionais. "O que estão tentando é transformar uma crise interna de governo que eles têm há muito tempo num problema internacional, para distrair sua própria inoperância política."

Battisti foi condenado na Itália a prisão perpétua, por quatro supostos homicídios cometidos nos anos 70, quando pertencia a um grupo político de extrema esquerda. Em 1981, fugiu da cadeia na Itália e foi para a França. Foi preso no Rio de Janeiro em 2007. Ele sempre negou a participação nos crimes e pediu abrigo ao governo brasileiro. O governo italiano quer a sua extradição por considerar que os crimes atribuídos a ele são comuns, e não políticos. O processo a que foi submetido na Itália , que vivia um momento de autoritarismo, é questionado pelos defensores de Battisti e por várias entidades internacionais.

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