Ao atestar a validade da Lei da Anistia em 2010, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou que uma página da história brasileira tinha ficado para trás. Torturas, assassinatos e desparecimentos praticados no perído da ditadura ficariam esquecidos. Formadores de opinião de relevo somaram-se ao coro.
Movimentos sociais fazem manifestações para expor publicamente ex-militares e policiais acusados de tortura, abusos sexuais e homicídios durante a ditadura. Foto: Bruno Bocchini/ABr
Vozes dissonantes, no entanto, começam a surgir. No começo do mês, o Ministério Público Federal (MPF) conseguiu contornar a lei da Anistia ao denunciar o major Sebastião Curió, responsável pelo sumiço de militantes da guerrilha do Araguaia – ainda que a denúncia tenha sido rejeitada pelo Tribunal de Justiça. Na segunda-feira 26, foi a vez de um grupo de jovens expor publicamente onde hoje vivem algumas das principais figuras da repressão. Em cinco estados, realizaram manifestações na frente da atual casa ou empresa de antigos torturadores.
Em Minas Gerais, São Paulo, Santa Catarina, Pará e Rio Grande do Sul, os manifestantes pediram a “verdade, nada além da verdade”. Na prática, os jovens tornaram público o passado não tão nobre de ex-militares e personagens do período. O movimento teve inspiração em algo que já ocorre em vizinhos latino-americanos. Na Argentina, esse tipo de ação – apontar para a comunidade que convive com criminosos sua condição – é chamada de escrache. No Brasil, o protesto foi apelidado de “esculacho”.