Por Marina Fernandes*
O ano de 2012 encaminha à história a possibilidade de fortalecer a disputa ideológica dentro da Universidade Federal da Bahia. Nesse sentido, as atuais greves dos três setores (estudantes, professores e técnico-administrativos), tornam-se as maiores regentes de todo esse processo. Nos cabe analisar minuciosamente o passado e termos responsabilidade no presente para construção de um horizonte em uníssono.
Diante desse quadro, o movimento docente oferece-nos não apenas o convite à luta pela base e a construção de uma unidade racional, mas também a retomada da real importância de um sindicato que de fato represente a classe trabalhadora no âmbito da luta de classes na Universidade. A construção da greve dos professores em 2012, após 8 anos sem fazê-la, significa, acima de tudo, uma vitória a categoria em si.
A greve, essencialmente fruto da política pela base da APUB-LUTA, fora construída em meio a kafkiana guerra e, enquanto de um lado consta uma direção burocrata opta politicamente em desconstruí-la, de outro lado pleiteia uma amálgama de correntes políticas e gerações em um comando de greve, que se fez vitorioso, sobretudo a partir das assembleias dos dias 29 de maio e 26 de junho, quando ressurgiu a vontade da categoria de retornar á luta e refutar qualquer tipo de posicionamento que transformava a classe trabalhadora em braço sindical do governo. Os docentes viram-se como sujeitos na luta.
A greve estudantil, deflagrada em 06 de junho com a presença histórica de 2000 estudantes, no entanto, nasceu sob outra perspectiva. O processo de mobilizações pelo qual passamos no ano de 2011 garantiu a construção de uma carta de pautas amplamente representativa e aprovada no CONSUNI. Por consequência da deflagração da greve, a maturidade política do corpo estudantil foi consolidada. O não cumprimento das pautas citadas gerou na Universidade não apenas um descontentamento geral, mas também maior segurança no que diz respeito à própria deflagração da greve. Afinal de contas, corria-se o risco de se fazer uma greve meramente a reboque da greve docente.