4 de setembro de 2012

Entre os fins e os meios e o mensalão.


Por Diego Rabelo*

A mídia conservadora tem tentado de todas as formas pautar a questão do julgamento do “mensalão” de forma a desgastar o Partido dos Trabalhadores e o governo diante da sociedade brasileira. Essa tentativa de mobilização por parte dos jornalões e a cobertura da mídia em “tempo real”, tem obtido sucesso parcial diante das grandes massas, mas ainda não tem conseguido comprometer o desempenho eleitoral do PT. As disputas municipais, com exceções aqui e acolá, têm passado distante do caso, mesmo que a condenação de João Paulo Cunha tenha representado o primeiro revés petista.

Convenhamos, o que se chama de “mensalão” nunca existiu. Pelo menos não nos termos vociferados pela mídia com base no depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson e difundidos pelos adversários do PT. O esquema de corrupção é muito mais sofisticado e sutil do que esses apresentados para o publico médio. Lobbistas, empreiteiros, grandes empresários, donos de agências de publicidade, quadrilhas especializadas em chantagens se adaptam as esferas de poder e de lá sugam as riquezas da nação.

A CPI do Cachoeira mostra apenas a ponta do Iceberg das relações promiscuas que transformaram os gabinetes de Brasília em um grande balcão de negócios onde rolam suntuosas cifras e troca de favores com licitações públicas. Os indícios de que o diretor da sucursal de veja, Policarpo Júnior, estaria envolvido em uma série de tramas com empregados do bicheiro, aponta o nível de proximidade da revista com o contraventor.

A domesticação do PT representada pela “Carta aos brasileiros” e a sua inflexão diante de partidos burgueses não é suficiente para que o conservadorismo se acalme diante da luta de classes. Não basta domar a ferramenta política, é necessário destruí-la, igualá-la aos demais partidos corruptos e por fim enterrá-la enquanto instrumento de organização para os trabalhadores. Esse é resultado da política de colaboração de classes levada a cabo pela direção do PT, em nome de uma pretensa governabilidade necessária para a implementação de um projeto que nem de longe pode ser considerado reformista.

O processo do chamado “mensalão” é um fato histórico, o qual a direita tanto tempo esperou, esfregando as mãos, para destroçar o que ainda representa os Partido dos Trabalhadores para o povo brasileiro. A abertura dessa crise fez muita gente boa acreditar em uma retomada dos valores socialistas no PT e reorganizar a correlação de forças entre os segmentos em disputa para então alçar a ala esquerda do partido há uma maior influência nos seus rumos. Isso não ocorreu. Ao contrário, reforçou uma ala centrista do partido denominada “Mensagem ao Partido” que nada mais é que um apêndice do antigo campo majoritário.

É necessário que o conjunto do PT avalie este capítulo tão negativo para a nossa história e para a classe trabalhadora brasileira e latina. O PT deve ser um ponto de apoio que potencialize e consolide os interesses da classe trabalhadora com a mais absoluta independência de classes. A experiência da luta de classes demonstra que somente os trabalhadores podem construir o caminho para a sua emancipação. Reorientar a nossa ação, reorganizar a nossa força nos movimentos sociais e marchar rumo ao socialismo é o nosso horizonte estratégico.

*Diretor de Direitos Humanos da UNE.

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