1 de setembro de 2013

Comissão da Verdade da UFBA: “antes tarde do que nunca”.


Com mais de um ano após a criação da Comissão Nacional da Verdade, a Universidade Federal da Bahia, berço de resistência à Ditadura Militar em nosso estado, se articula na perspectiva da criação de sua própria comissão da verdade.

É bem verdade que isso representa o reflexo do que vem ocorrendo em todo o país. Desde a criação da Comissão Nacional da Verdade, em 16 de maio do ano passado, muito por pressão da Sociedade Civil e de organizações ligadas aos Direitos Humanos, Universidades, Sindicatos, Assembléias Legislativas e Entidades Estudantis vêm criando as suas comissões da verdade, mostrando, dessa forma, a importância desses colegiados na constituição de nossa Memória Nacional.

A história de nosso país é repleta de intervenções militares. De 1964 a 1985, por exemplo, o Brasil viveu um dos períodos mais conturbados em sua história: o Regime Militar. Foram longos 21 anos onde a democracia, que desde a Constituição de 1946 já oferecia plena liberdade individual aos cidadãos, fora cerceada. E na Universidade Federal da Bahia isso não foge a regra. Enquanto reduto de resistência e espaço de intensa agitação política, sobretudo à época do Regime Militar, a comunidade UFBA sofreu em demasia durante esse período de extremo autoritarismo e constante violação dos Direitos Humanos.

Vale lembrar que esta Instituição posicionou-se vorazmente á favor do regime militar. O Conselho Universitário do dia 09 de abril de 1964 não somente regojizou em defesa da intervenção das forças armadas “em prol dos interesses nacionais contra o comunismo", como também reafirmou o jubilamento de uma série de estudantes, invasão da Residência Universitária 3 e punição ás lideranças estudantis de centros acadêmicos, dce e ueb. Esta sessão do CONSUNI, inclusive, reafirma a exoneração de um funcionário, Isidoro Batista, por ser "negro, funcionário, analfabeto e agitador", e é assinada também por Alceu Hiltner, que hoje é o nome do PAF2.


Contrapondo a este espaço burocrático que foi e é o CONSUNI - por muitas vezes controlado por conservadores, o 7° Congresso de Estudantes da UFBA reafirmou a luta dos lutadores e lutadoras que se opuseram ao regime de exceção na Bahia e definiu como uma de suas bandeiras de luta a criação da Comissão da Verdade na Universidade Federal da Bahia.

Sendo assim, cabe á esta instituição não apenas trazer á tona a verdade de sua história, como também
varrer para o lixo todo e qualquer resquício da ditadura militar aqui presente. Deve-se nomear esta comissão
da verdade com o nome de Dinalva Oliveira Teixeira, estudante de geologia da UFBA, militante comunista, guerrilheira do Araguaia, moradora e militante do movimento de casa de estudantes. Trazer á tona a verdade perpassa necessariamente em evidenciar quem de fato lutou pela democracia e deu á vida em resistência ao regime de exceção.

Nesse sentido, acreditamos que a Comissão da Verdade da UFBA desempenhará um papel decisivo na reconstituição da memória dessa Universidade e do estado da Bahia. Ela buscara, sobretudo, esclarecer e publicizar o momento de transgressão dos Direitos Humanos que ocorreu nessa instituição durante esse período, e, também, contribuirá com a Comissão Nacional da Verdade oferecendo a esse colegiado os resultados finais de todo o seu trabalho.



-Pela criação da Comissão da Verdade Dinalva Oliveira Teixeira – UFBA já!

-Pela reincorporaçao simbólica á UFBA de todos aqueles que foram vítimas do decreto 477!

-Pela renomeação do PAF 2: Isidóro Batista!

-Por uma Comissão da Verdade que represente todos os setores da UFBA!

-Pelo Direito a Memória e a Verdade na UFBA!



Coletivo O Estopim!


Incendiando Corações e Mentes pelo Direito a Memória, a Verdade e a Justiça!

Um comentário:

  1. POR FAVOR, O ESTOPIM, ME PERDOEM.
    http://pedido-de-perdao-ao-estopim.blogspot.com.br/2013/11/por-favor-o-estopim-me-perdoem.html

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