19 de janeiro de 2015

Algumas observações sobre a posse de Dilma

*Wanderson Pimenta

Tenho uma leve impressão que a direção majoritária do PT esvaziou a posse da Presidenta Dilma.

Em Brasília, no dia primeiro, cerca de 10 mil pessoas acompanhavam o ato. Aquém do que poderíamos construir caso ocorresse um empenho mediano dos dirigentes. Ônibus cancelados em cima da hora, confusão nas informações atinentes às hospedagens, programação etc, foram alguns dos elementos que ajudaram a reduzir bastante a chegada de ativistas das mais variadas partes do país. O que não impediu, diga-se de passagem, o empenho de militantes que viajaram dias e dias para chegarem ao evento. Persiste, resiste e insiste, a boa e velha relutância da militância petista em desistir!

Não acho que esse esvaziamento tenha como objetivo sabotar o mandato de Dilma. Ninguém mais do que a majoritária é a principal responsável pela escolha e condução dela ao posto presidencial. Não acredito, sinceramente, em conflitos entre Dilma e Lula, como sugere a direita e como acreditam alguns companheiros. O que ocorre, em minha avaliação, é que: de um lado, o recrudescimento da direita, antes, durante e depois das eleições, como pedidos de impeachment, inclusive; de outro, o fortalecimento da pauta da reforma política, encabeçada pelos movimentos sociais e por praticamente toda a esquerda, defendendo uma Constituinte Exclusiva, assumida pela própria Presidenta. Diante desse impasse, a velha e lendária CNB e demais correntes que compõem esse campo, não muito afeitas a conflitos, antíteses, enfretamentos, debates, ou seja, adeptos da velha máxima do “mau acordo a uma boa briga” e  pensando que, a qualquer momento, a direita cederá e retornaremos a conciliação sem muitos ruídos, pouco mobilizou para que tivéssemos em Brasília no último dia 1° de janeiro uma verdadeira festa popular, nos moldes pretendidos pela resolução da executiva nacional editada numa das suas últimas reuniões.
Nesse sentido, uma posse com centenas de milhares de pessoas, vermelha e politizada, como é da tradição da esquerda cujo legado o Partido dos Trabalhadores reivindica, poderia sair do controle dos conciliadores e conciliadoras encastelad@s em Brasília desde 2003. Estes e estas, que já não reconhecem como seu um bom e velho chão de terra; cimento e brita; pó e poeira; chão de fábrica. Preferem “os 12 anos”; o ar condicionado de uma repartição burocrática. E como são cínicos os seus pronunciamentos públicos!
Enfim, na posse da Presidenta Dilma, diante dos últimos acontecimentos, como a composição conservadora dos ministérios e os recentes retrocessos anunciados na seara trabalhista e previdenciária, tinha mais pessoas que a direção do PT merecia e menos, evidentemente, do que precisávamos.
Restam-nos o asfalto, as barricadas, as fábricas e as ocupações! Feliz 2015, companheiros e companheiras!

*Advogado e Membro do Diretório Estadual do PT - Bahia

Fonte: http://wandersonpimenta.blogspot.com.br/2015/01/algumas-observacoes-sobre-posse-de-dilma.html

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