14 de janeiro de 2015

Quem ficará para apagar a luz?


* Diego Rabelo

A composição em torno das nomeações ministeriais do segundo mandato da petista Dilma Roussef foi marcada por uma forte pressão dos setores conservadores que sustentam a base do governo. A cada nova especulação as bolsas subiram e desceram como choques de adrenalina e diazepam na veia.

Dilma, ao tentar acalmar o mercado, sinalizou figurões do agrado dos especuladores da bolsa de valores e da mídia tradicional. Mas a divisão interna na cúpula do PT, e no governo, tem produzido um terreno de muita instabilidade, contaminando, por tabela, o alto escalão do que será o seu segundo mandato.

O PMDB passou abertamente a disputar os espaços institucionais no sentido de incidir no futuro que a cada dia é mais incerto. O PT, que não pretende abandonar a estratégia de uma governabilidade inchada, infla novos aliados em postos de comando, no intuito de aliviar a dependência do PMDB. A bola da vez parece ser o PSD de kassab, que passará a ocupar ministérios importantes no segundo governo Dilma, sem que isso represente um alinhamento automático em alguns Estados importantes.

Muito se tem comentado que a cúpula do PT está dividida. Marta Suplicy, ainda esta semana, concedeu entrevista a ninguém menos que Eliane Cantanhêde, recentemente demitida da Folha de São Paulo e atualmente no Estadão, expondo as vísceras do que foi o processo de articulação que reconduziu o nome de Dilma para a disputa em 2014. Ainda no final do ano passado, Marta havia deixado o ministério da cultura com uma carta nada amistosa ao governo.

Para finalizar a rajada de metralhadora, marta disparou: “ou o PT muda, ou acaba”.

É uma pena que ela tenha se dado conta da necessidade de mudanças após 3 mandatos presidenciais. O processo de esgotamento do PT enquanto representante da classe trabalhadora é irreversível, o que não significa abandonar a correta estratégia de disputar os seus rumos e preparar-se para um novo período de reorganização.

Resta saber quem terá estômago pra continuar depois desta catarse.

O último que sair, por favor, apague a luz.

* Pink floydiano e são paulino

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