13 de outubro de 2015

Manifesto de fundação: SOMOS POVO SEM MEDO

O mundo vive sob o signo de uma profunda crise do capitalismo. Medidas de austeridade econômica dominam a agenda política, multiplicando desemprego, miséria e redução dos direitos sociais. Por outro lado, os banqueiros comemoram cada aniversário da crise, aumentando seus já exorbitantes lucros. Evidencia-se a crise de uma época e que não é apenas econômica. É uma crise em várias dimensões: da representação política, do alargamento do abismo social entre ricos e pobres e da destruição do meio-ambiente.
Neste cenário, o Brasil está colocado diante de uma encruzilhada, um momento em que as velhas soluções não funcionam mais: este sistema político é incapaz de resolver os grandes conflitos da sociedade e o povo não aceita passivamente pagar a conta da crise.Dos caminhos que construiremos a esta encruzilhada dependerá o futuro de nosso país.

De um lado, as forças mais atrasadas querem nos impor uma agenda de retrocessos, apresentados como "modernidade":ampliação da terceirização, contrarreforma política, reforma da previdência, redução da maioridade penal e a lei da demarcação das terras indígenas e quilombolas. Sem falar no projeto que estabelece o modelo de concessão para o pré-sal e avança na privatização da Petrobrás.
Poderíamos seguir citando outras várias medidas antipopulares e manobras que ameaçam nossa já limitada democracia. O caminho dos de cima para a encruzilhada é sempre reduzir direitos, ampliar privilégios e limitar a participação popular na política. Semeiam a intolerância, o ódio e o preconceito, plantando em nosso solo as perigosas sementes do fascismo.
De outro lado, na contramão da expectativa popular, o governo federal aplica uma política de aumento de juros, corte nas áreas sociais e infraestrutura, transferência e concessões de patrimônio público ao setor privado, PPPs, leilões de petróleo e ataques a direitos dos trabalhadores, ampliando a precarização e as demissões . Os exemplos internacionais deixam claro que a opção pela austeridade leva a níveis de desemprego e de desigualdade social elevados.
Se a questão era ajustar as contas, que não fosse em cima das doloridas costas do povo trabalhador. Por que não fazer os banqueiros e empresários pagarem pela crise? O ajuste que queremos é com taxação das fortunas, lucros e dividendos;com progressividade de tributos, que aumentariam a arrecadação, mesmo desonerando produtos de primeira necessidade.E ainda com uma auditoria da dívida pública, que acabe com a sangria de nossas riquezas aos banqueiros. Nenhuma dessas foi a opção dos governos federal e estaduais.
Contra o avanço das saídas conservadoras apoiado pela grande mídia e contra a política de austeridade que impacta na vida do povo, precisamos construir o nosso caminho. Na América Latina os povos têm enfrentado as políticas de retirada de direitos defendidos pela elite,este também é o desafio do povo brasileiro: construir uma saída para a maioria, que contraponha os interesses da minoria rica dos 1%. Desafio que pede coragem, que pede um povo sem medo.
A unidade dos mais diversos movimentos sociais para construir este caminho é urgente e necessária. Por isso, nasce a Frente de mobilização POVO SEM MEDO, que unirá movimentos e ativistas para defender - em unidade com os de baixo e enfrentamento com os de cima - uma plataforma popular para o Brasil.
Estaremos nas ruas contra a austeridade e em defesa de Reformas Populares que combatam a desigualdade gritante em nossa sociedade. Que devolva aos 99% tudo o que os 1% nos espoliaram. Não há saída para o povo sem medidas de distribuição de renda e combate a privilégios, expressas em reformas como a tributária, a urbana e a agrária e ainda na luta contra as privatizações.
Estaremos nas ruas em defesa da radicalização da nossa democracia, refém de manobras políticas e midiáticas. Para isso é preciso levantar a bandeira da reforma democrática do sistema político, com a garantia do fim do financiamento empresarial das campanhas e aumento da participação popular: combater a corrupção pela raiz, atacando o domínio do poder político pelo econômico. É preciso também acabar com o monopólio da comunicação, democratizando a mídia e dando voz a todos/as.A democratização do sistema judiciário, a não criminalização dos movimentos sociais, a defesa do direito à greve e à manifestação nortearão ainda nossos esforços.
Estaremos nas ruas em defesa das liberdades, do respeito e do direito à vida. O surto de intolerância que o Brasil vive ataca os mesmos alvos de sempre: pobres, negros/as, mulheres, e a população LGBT. Defender a igualdade radical contra o racismo, o machismo, a xenofobia, a LGBTfobia, o fundamentalismo religioso e os ranços antipopulares é um desafio de todos/as nós. Não fugiremos dele. Assim como não vacilaremos em estar junto com a juventude pobre e negra das periferias contra o verdadeiro genocídio que tem sofrido, exigindo a desmilitarização das polícias, em defesa do direito à vida.
A saída será construída nas ruas. O povo brasileiro não acredita mais neste sistema político. Não representa a nós, mas aos interesses econômicos dos 1%. O atual Congresso Nacional, com sua maioria conservadora,não aprovará as mudanças necessárias ao nosso país. O projeto que defendemos brotará com o povo nas ruas.
Esta Frente nasce em um momento de grandes embates e com a responsabilidade de fazer avançar caminhos populares para nossa encruzilhada. Sabemos que para isso será preciso independência política, firmeza de princípios, defesa de um programa de transformações e foco em amplas mobilizações. Nossos sonhos não cabem nas urnas. Nosso maior desafio é mudar a política nas ruas e com coragem de lutar.
AQUI ESTÁ O POVO SEM MEDO!

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