3 de outubro de 2009

O que se passa em Honduras?*

*Por Diego Rabelo/Museologia-UFBA
No dia 28 de junho deste ano o Presidente eleito de Honduras Manuel Zelaya foi preso, de pijamas no seu quarto, pelos militares hondurenhos e expulso para a Costa Rica, sendo substituído por Micheletti. Este fato rememora uma terrível sensação vivida pelos povos latino-americanos durante as décadas de 50 à 80, quando o imperialismo estadunidense financiou e participou de diversas ditaduras na intenção de barrar a ascensão do perigo soviético.

O golpista Micheletti, em uma atitude lastimável expulsou o presidente eleito com apoio do aparato judiciário e do alto comando militar sob a alegação de que Zelaya pretendia propor uma alteração na constituição do país para que fosse, então, legalmente permitida a sua reeleição, visto que, o seu governo goza do apoio popular.

Zelaya e seus partidários articulavam durante o período de seu governo, respeitando os marcos da constituição e da legalidade, uma proposta que o colocasse mais uma vez no pleito de 2009, onde fatalmente sairia vencedor. A idéia de Zelaya era fazer uma consulta onde os eleitores teriam que responder sim ou não à seguinte pergunta:
Está de acordo que nas eleições gerais de novembro de 2009 se instale uma quarta urna para decidir sobre a convocação de uma Assembléia Constituinte que aprove uma nova Constituição política?
Os setores conservadores do país pressionaram o congresso e seus representantes que aprovaram uma nova lei que regulamenta os referendos e os plebiscitos e invalidava juridicamente a consulta. Segundo esta nova lei, este tipo de consulta não poderia ser feita 180 dias antes e 180 dias após o pleito que elegeria os novos representantes do país e também o seu presidente.

Após sucessivas tentativas de negociação com o governo golpista, os países membros da ONU e OEA seguem sem grandes resultados, pois este se nega a restabelecer Zelaya na presidência. Para completar a obra, um novo fato, o presidente Zelaya esta preso na embaixada brasileira e sitiado pelo exército e pela polícia, enquanto mantêm um toque de recolher que tolhe os direitos de ir e vir da população, bem como a sua privacidade, pois qualquer amontoado de pessoas tem o respaldo dos golpistas para ser disperso, inclusive com violência.

O que esta em jogo para além da disputa pelo poder, é a situação de assistirmos mais uma vez na nossa vizinhança o descalabro de golpistas desqualificados e antiquados que sobrepõe à opinião popular respaldado em uma elite golpista e sem escrúpulos que, apavorada com os ventos libertários que sopram na América latina, tentam a todo custo e inclusive, do sangue do povo manter os seus privilégios sobre a maioria explorada.

O governo americano que se julga paladino da democracia e da liberdade não parece ter grande disposição em restabelecer a ordem em Honduras. Se, desta vez os ianques não estão envolvidos no golpe, a sua vontade em resolver a questão não é lá das mais voluntárias, afinal de contas, o governo golpista se encaixa perfeitamente nas suas pretensões geopolíticas para a região.

A postura do governo brasileiro e dos demais governos latinos deve se manter na defesa e no respeito as instituições democráticas daquele país, inclusive, preparados militarmente para o restabelecimento da democracia. Não se pode tolerar este tipo de golpe bem como qualquer tipo de violência contra a sua população.

Não ao golpe em Honduras! Pelo retorno de Zelaya a presidência de Honduras!

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