27 de setembro de 2012

Ditadura matou 1.196 camponeses, mas estado só reconhece 29

Por Najla Passos
Fonte: Da Carta Maior
Financiada pelo latifúndio, a ditadura “terceirizou” prisões, torturas, mortes e desaparecimentos forçados de camponeses que se insurgiram contra o regime e contra as péssimas condições de trabalho no campo brasileiro. O resultado disso é uma enorme dificuldade de se comprovar a responsabilidade do Estado pelos crimes: 97,6% dos camponeses mortos e desparecidos na ditadura militar foram alijados da justiça de transição. “É uma exclusão brutal”, afirma o coordenador do Projeto Memória e Verdade da Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência, Gilney Viana, autor de estudo inédito sobre o tema.

O estudo revela que pelo menos 1.196 camponeses e apoiadores foram mortos ou desaparecidos do período pré-ditadura ao final da transição democrática (1961-1988). Entretanto, os familiares de apenas 51 dessas vítimas requereram reparações à Comissão de Anistia. E, destes, somente os de 29 tiveram seus direitos reconhecidos. Justamente os dos 29 que, além de camponeses, exerceram uma militância político-partidária forte, o que foi determinante para que fossem reconhecidos como anistiados. “Os camponeses também têm direito à memória, à verdade e à reparação”, defende Viana.

14 de setembro de 2012

Balanços e perspectivas da greve estudantil 2012

A greve de 2012 faz cair por terra à concepção pós-moderna de ideias e ações reinantes no seio da Universidade Federal da Bahia. A luta de classes se aprofunda e essa instituição experimenta o mais legitimo e eficaz mecanismo de combate da classe trabalhadora revelando importantes aspectos. Se por um lado, professores e técnicos administrativos declararam guerra á exploração de sua força de trabalho – assim reafirmando o valor da mesma, por outro, o corpo discente, ao travar luta pela assistência estudantil, evidencia a essência elitista da universidade: a UFBA serve, ainda, á burguesia. 

Nesse sentido, o movimento paredista não se limita apenas á conquistas concretas. Na construção da batalha por pautas que escancaram a magnitude da exploração existente. A classe trabalhadora, de forma dialética, percebe-se como tal, e assim posiciona-se na trincheira da luta de classes. O salto qualitativo proporcionado por esse processo de mobilizações coloca o movimento docente em outro patamar, superando o anestesiamento vivido nos últimos anos. Com isso, a greve apresenta-se como fomentadora, também, dos centros organizativos do proletariado. Só há greve porque há luta de classes. 

A greve de 2012, árdua batalha construída pelo movimento estudantil, trouxe-nos conquistas objetivas e organizativas. A ausência de uma sólida e eficaz política de assistência estudantil e de diálogo construtivo com a Administração Central exalta o caráter essencialmente conservador da nossa instituição. A greve conseguiu, sobretudo, durante a ocupação da FAPEX, não apenas pressionar a reitoria ao debate encaminhativo das pautas, mas também deu celeridade á concretização das mesmas, tais como o edital do BUSUFBA, os pontos de distribuição do Canela, São Lazaro e Politécnica, reativação dos grupos de trabalho, continuando um ciclo de mobilizações iniciadas desde o ano passado. 

4 de setembro de 2012

Entre os fins e os meios e o mensalão.


Por Diego Rabelo*

A mídia conservadora tem tentado de todas as formas pautar a questão do julgamento do “mensalão” de forma a desgastar o Partido dos Trabalhadores e o governo diante da sociedade brasileira. Essa tentativa de mobilização por parte dos jornalões e a cobertura da mídia em “tempo real”, tem obtido sucesso parcial diante das grandes massas, mas ainda não tem conseguido comprometer o desempenho eleitoral do PT. As disputas municipais, com exceções aqui e acolá, têm passado distante do caso, mesmo que a condenação de João Paulo Cunha tenha representado o primeiro revés petista.

Convenhamos, o que se chama de “mensalão” nunca existiu. Pelo menos não nos termos vociferados pela mídia com base no depoimento do ex-deputado Roberto Jefferson e difundidos pelos adversários do PT. O esquema de corrupção é muito mais sofisticado e sutil do que esses apresentados para o publico médio. Lobbistas, empreiteiros, grandes empresários, donos de agências de publicidade, quadrilhas especializadas em chantagens se adaptam as esferas de poder e de lá sugam as riquezas da nação.

A CPI do Cachoeira mostra apenas a ponta do Iceberg das relações promiscuas que transformaram os gabinetes de Brasília em um grande balcão de negócios onde rolam suntuosas cifras e troca de favores com licitações públicas. Os indícios de que o diretor da sucursal de veja, Policarpo Júnior, estaria envolvido em uma série de tramas com empregados do bicheiro, aponta o nível de proximidade da revista com o contraventor.