* Rafa Cardoso
Não estou aqui para fazer apologia ao vegetarianismo ou veganismo, só gostaria de partilhar um desabafo e quem sabe refletirmos juntos.
Não estou aqui para fazer apologia ao vegetarianismo ou veganismo, só gostaria de partilhar um desabafo e quem sabe refletirmos juntos.
Eu tenho um bichinho de estimação. O nome dele é
Jhon e está conosco há 13 anos. Confesso que converso com ele milhares de vezes
ao dia e ele parece entender e responder com latidos, gestos, formas que
facilitam a compreensão. Ele faz parte da minha família, tanto quanto a minha
mãe, irmã e avó.
Não como carne há muitos anos e peixe deixei de
comer há uns 3 anos. Muitos perguntam se foi uma opção minha. E explico que
nunca gostei do gosto da carne e a gota d'água foi quando eu tive uma anemia e
fui obrigada a comer bife de figado.
NUNCA
SENTI FALTA DE CARNE
O homem não é carnívoro. Definições devem ser
respeitadas: carnívoro, por definição, é o animal que abate sua própria presa e
a come com o sangue ainda quente. Outra definição: carniceiro é aquele que não
mata: espera que um animal morra ou que um predador o mate para só então
aparecer no cenário, e assim são os abutres, urubus, hienas… Como podemos
concluir, o homem é um carniceiro neste ponto, pois não tem capacidade de
matar, não tem garras nem força, e come apenas os restos mortais de um bicho
que nem mirou nos olhos quando vivo.. Alguns dizem que somos inteligentes e
criamos a faca. Tudo bem. Então convido essa intelectual pessoa para pegar a
faca e matar a vaquinha. Essa “mente brilhante” provavelmente não conseguirá
matar nada, pois não suporta nem violência nem sangue.
Para um verdadeiro
carnívoro, só o fato de ver sangue já é o suficiente para dar muita água na
boca. Para nós, humanos, ocorre justamente o fenômeno inverso ao da fome: dá
vontade de vomitar; embrulha o estômago, fechamos o rosto e tapamos o nariz.
Contudo, embora carniceiro seja um rótulo mais coerente do que carnívoro, o
mais correto é dizer que o homem é ONÍVORO, pois come de tudo –
independentemente de ser adequado para seu organismo ou não. O porco é um outro
exemplo de animal onívoro.
Passado o tratamento de anemia, nunca mais consegui
colocar um pedaço de carne na boca. Aos poucos, comecei a perceber a
importância daquele ato involuntário de parar de comer carne. Logo, abri mão do
peixe. E hoje como apenas alguns derivados. Estou muito bem e saudável. Na luta
de propagar o entendimento da circunstâncias do "abate" dos animais,
me deparei com uma série de documentários cruéis. No qual vejo o quanto o ser
humano é doente, escravo, alienado ao sistema. Gostaria de saber se este
"SER" faria isto com o seu bichinho de estimação. Ou seja, ter um
cachorro ou gato em casa é uma coisa, comer porcos, aves é outra...
QUANTA
CONTRADIÇÃO
O mercado da carne é cruel. Os animais nas fazendas ganham peso,
produzem leite e colocam ovos porque foram especialmente manipulados com
drogas, hormônios e técnicas de criação e seleção genética para fazer estas
coisas. Além disso, os animais criados para produção de alimentos, como vacas
leiteiras e galinhas poedeiras, são abatidos em idade extremamente jovem, antes
que as doenças inevitáveis os dizimem. É mais lucrativo para os fazendeiros absorver
as perdas ocasionadas por mortes e doenças do que manter os animais em
condições humanitárias. Sem falar nas técnicas absurdas e desumanas de abate.
Vejo pseudos publicarem que são contra o genocídio, mas expliquem-me o que
fazem com os animais? Já viram passar um caminhão amarrotado de porcos e aves?
Já olharam nos olhos desses bichos?
Talvez, para muitos, minha posição possa
ser radical demais. A esses respondo só uma coisa: "Eu não faço para os
outros o que não gostaria que fizessem comigo".
* É estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
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