18 de outubro de 2015

O que está por trás da euforia dos analistas militares norte-americanos?

*Diego Rabelo

Entre as milhares de coisas que estão sendo jogadas no atual conflito sírio uma delas, em especial, passou a ser tratada nos últimos dois dias. A demonstração de força do exército russo e seus precisos ataques aéreos as bases do Estado Islâmico, em duas semanas, surtiram muito mais efeito do que os meses de ataques realizados pela coalizão liderada pelos EUA. A eleição de Putin fatalmente incorreria em atos como esse e, demonstrar os músculos do seu poderio militar é um jogo de gato e rato com vários objetivos.


Analistas militares dão conta de que chegou ao fim a supremacia marítima dos EUA, por conta dos novos mísseis cruzadores “SSN-30A Kalibr”. Esses novos equipamentos surpreenderam o pentágono por dois motivos: a) eles podem ser lançados de embarcações muito simples, diferentemente dos mísseis “tomahawk” que precisam de embarcações grandes e sofisticadas; b) eles são de longuíssimo alcance chegando a percorrer 1500 km de distância. Assustador!

Se não bastasse o fracasso do projeto dos f-35 americanos (http://www.thestar.com/opinion/editorials/2012/12/08/in_the_f35_fiasco_truth_is_the_first_casualty.html) e o “show” de precisão que os sukhoi têm demonstrado na Síria, agora o pentágono tem diante de si novos desafios para os próximos anos.

Para Putin, essa guerra serve para demonstrar que a rearticulação do investimento militar russo dos últimos anos tem surtido algum tipo de efeito diante do poderio americano. Serve para demonstrar também que os EUA podem ter muita coisa no mundo inteiro, mas não‘O’ mundo inteiro. Serve ainda para deslocar as pressões internas que vem sofrendo na própria Rússia com as sanções econômicas ocidentais.

Se, do ponto de vista geopolítico, os norte-americanos parecem sofrer derrotas diante do antagonismo do gigante do leste, na prática a coisa pode ser vista de outra maneira. Os credores da indústria militar estão “horrorizados” com o poderio russo. Na realidade, o horror é uma metáfora com a possibilidade de novos e grandes negócios que estão por vir nos próximos anos. A perda de investimento experimentado nos últimos anos deverá ser revertida em novos montantes para a defesa. Já tive a oportunidade de tratar aqui sobre os valores lendários gastos pelo contribuinte estadunidense com equipamento militar.

Nunca é demais ressaltar que, das potências que intervêm no espaço aéreo sírio, apenas os russos estão lá a convite. Sua intervenção expõe uma estratégia eficaz contra as bases do ISIS e da Frente Nusra e prepara o terreno para o ataque terrestre que será realizado pelo “exército árabe sírio” nas próximas semanas.

Enfim, para um leigo em tecnologias militares a única coisa que eu tenho certeza é que a sucessão na casa branca vai pegar fogo. Eu não duvidaria se amanhã ou depois aparecesse alguém de dentro do pentágono vendendo informações secretas para obrigar o governo a investir mais dinheiro na indústria militar.

Diego Rabelo é militante do PT

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