2 de maio de 2017

Avaliação do 2º Seminário Nacional do Campo Popular

 
Aconteceu na capital paulista, durante o 65º CONEG da UNE, nos dias 16 e 17 de março, o 2º Seminário Nacional do Campo Popular. Dividido em dois dias, o seminário foi essencial para que o Campo pudesse fazer um balanço sobre sua existência, bem como apontar seus acertos e erros ao longo desses anos. Também foi fundamental para pensar e planejar as nossas ações enquanto campo para os próximos desafios que estão colocados.

Nós, do Coletivo O Estopim!, não só compomos o Campo Popular, como também ajudamos no processo de sua formulação. Acreditávamos a época em 2012/2013 que a União Nacional das e dos estudantes precisava de uma alternativa a sua direção majoritária, que não fosse no entanto construída com o viés do sectarismo, e sim pautada num projeto popular. Projeto Popular esse que pudesse representar a classe trabalhadora e seus interesses no movimento estudantil. Acreditamos na necessidade de uma unidade mais programática do que pragmática para pensar a UNE. Se faz necessário uma atuação e o exercício da unidade na prática, para que as nossas alianças em busca do socialismo não sejam vazias de sentido do horizonte que buscamos.
 
Nesse sentido, o Campo Popular surge com a enorme responsabilidade de imprimir uma nova forma de se fazer política a toda juventude que está cansada/desacreditada das organizações políticas e das entidades de representação. Eis que surge o Campo Popular: uma terceira via de disputa para a direção da UNE. Uma via que se propõe a ser popular e a dialogar com a classe trabalhadora dentro de todas as universidades brasil afora.
 
Em 2013, no 53º CONUNE, o Campo Popular participou do seu primeiro congresso da UNE enquanto Campo. Assumiu uma série de diretorias e conseguiu mesmo que com dificuldades garantir a representação de todas as organizações que o compunha na política da entidade. De 2013 a 2015, podemos considerar que os acertos da experiência do que se constituía enquanto Campo Popular, conseguiu construir trabalho de base nas universidades e o resultado disso foi o crescimento do Campo no 54º CONUNE em 2015.
 
Crescimento esse que proporcionou ao Campo chegar na mesa diretora, ou seja, na secretaria geral da entidade. Feito esse que há mais de dez anos não ocorria. Para nós, esse resultado foi uma conquista muito importante para o Campo Popular e para as organizações que o constroem. Entretanto, essa vitória não trouxe exatamente os melhores resultados esperados.
 
A segunda gestão do Campo Popular na UNE, na avaliação do Coletivo O Estopim!, não conseguiu atingir o nível de organização e maturidade política entre os coletivos para dar conta do tamanho do desafio que era tocar uma gestão da UNE em tempos de golpes e ofensiva do capitalismo. Enfrentamos, na prática, muitas dificuldades. Entretanto, podemos afirmar também agora já no fim dessa gestão que essas batalhas ajudaram a nos forjar.
 
Acreditamos que todas os coletivos de juventude de esquerda que atuam no movimento estudantil e fora dele, aprenderam muito com o exercício da unidade na prática nas trincheiras contra o golpe, Escola Sem Partido, Reforma do Ensino Médio, PEC 55, PL da Terceirização, Reformas da Previdência e Trabalhista, dentre outros retrocessos impostos pelo governo ilegítimo de Michel Temer. As ocupações por todo o Brasil mostraram que essa juventude não fugiu à luta e ocupou tudo quando tinha que resistir. Ao passo que as divergências nos dividiam, a conjuntura nos fez arcar com a responsabilidade de construir luta. E o Campo Popular não fugiu à luta!
 
DCE’s, UEE’s, DAs, CAs e as Executivas de cursos onde o Campo Popular dirige não titubearam quando tiveram que escolher o lado do povo. Ao contrário de outras organizações políticas que tentaram minar e desgastar a movimentação da juventude organizada, o Campo Popular compreendeu a necessidade da defesa do direito das e dos estudantes de decidirem sobre suas vidas. Enquanto o MBL agredia, desqualificava e perseguia as ocupações Brasil afora, nós lutamos e resistimos. Por isso, nós, do Coletivo O Estopim!, que assinamos a tese REFAZENDO a UNE, acreditamos que neste 55º Congresso da UNE o Campo Popular continua sendo a alternativa mais coerente a direção majoritária da UNE.
 
O desafio é a construção de uma universidade que assim como no socialismo não tenha muros. Precisamos caminhar rumo a um horizonte onde todo jovem tenha acesso ao ensino superior público e gratuito. E, mais do que acesso, onde todo jovem e toda jovem tenha condição de ocupar esse espaço com direito a permanência plena. Por fim, enquanto o Campo Popular for para nós um instrumento real de mudança dos rumos da atual direção da UNE, seguiremos nessa construção. Entretanto, ao passo que compreendermos que isso já não é mais real, também não nos furtaremos da construção de uma nova ferramenta.
 
Entendemos que Refazer a UNE se torna cada dia mais necessário. E essa tarefa não pode estar descolada de colocar como prioridade na política da UNE pautas como a Assistência estudantil, que diz respeito diretamente a permanência da classe trabalhadora nas universidades e vem sendo brutalmente atacada pelo governo golpista. Pautas como o combate ao machismo, racismo, lgbtfobia, a luta pela permanência dos povos indígenas, quilombolas, e da juventude do campo, também são fundamentais para se colocar enquanto centralidade de luta da próxima direção da UNE.
 
Outro ponto fundamental é o debate sobre a democracia interna da União Nacional das e dos Estudantes. Por isso nós da Refazendo a UNE defendemos eleições diretas para a UNE. É necessário avançar em uma defesa qualificada da UNE e das UEEs, fazendo a crítica militante também à burocracia das nossas entidades representativas.
 
Em nenhuma hipótese podemos permitir recuos, sejam eles trazidos pelo divisionismo e/ou pelo oportunismo. É necessário avançar!
 
Para a UNE avançar: tem que ser mais popular!!!
 
A UNE somos nós, nossa força e nossa voz!
 
OCUPAR AS RUAS E REFAZER A UNE JÁ!

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