A Universidade Federal da Bahia vem crescendo de forma exponencial nos últimos anos. Quando adere, em fins de 2007, ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), expande de forma significativa sua estrutura, levando, com isso, ao aprofundamento sistemático de suas contradições.
Não pretendo me debruçar na discussão acerca da problemática adesão da UFBA ao Reuni, tão pouco sobre a polarização que se constituiu no movimento estudantil durante esse período. O foco aqui é apresentar a situação caótica em que a Universidade vive no tocante a suas obras, muitas delas remanescentes desse programa, bem como apontar a necessidade do m.e se envolver de forma mais proativa nessa pauta.
Vamos ao que interessa: em rápida caminhada pelos campi é perceptível constatarmos algumas obras com prazo de término vencido, além de outras paradas. Tornou-se comum na UFBA suas obras demorarem anos, às vezes décadas, para serem concluídas. Entra reitorado, sai reitorado, e a realidade não muda. E Percebo que de uns anos pra cá isso vem se potencializando.
Foi criada uma comissão de sindicância, a partir de discussão no Conselho Universitário, para realizar um levantamento da situação das obras na Universidade. E o resultado foi preocupante. Temos hoje, segundo esse estudo, 15 obras inacabadas, algumas interrompidas por motivos diversos e outras em fim de conclusão.
Um dos casos emblemáticos é o da nova sede do Instituto de Ciência da Informação. A obra, iniciada em 2010 e com previsão de término para 2012, até hoje não foi finalizada. E o pior: segundo laudo de uma empresa especializada, aquele prédio deverá ser demolido, pois, segundo relatos, foi construído de forma equivocada.
Tradicionalmente o movimento estudantil da UFBA se envolve nessas questões apenas em momentos pontuais, muito enquanto refluxo da conjuntura. Quando ocorre, por exemplo, um grande imbróglio relacionado à pauta, nos organizamos para cobrar da reitoria a resolução do mesmo. Erramos, em minha leitura, por não colocar essa questão enquanto bandeira de luta permanente no m.e. E isso é refletido, naturalmente, no descaso em que a Universidade trata suas obras.
O m.e da UFBA historicamente só avançou quando fez o duro enfrentamento a Administração Central. Como tradicionalmente as reivindicações dos/as estudantes são colocadas enquanto pautas secundárias por parte dos reitorados, a radicalização se torna o único caminho para obtermos conquistas.
Nesse sentido torna-se preocupante ver setores desse mesmo movimento atrelados à reitoria, servindo, em muitos momentos, de correia de transmissão dos interesses da Administração Central, reproduzindo um discurso que tanto combatemos no m.e. Assim, compreendo que o movimento estudantil precisa construir suas lutas de forma autônoma e independente, tendo como norte estratégico uma Universidade 100% pública, gratuita e a serviço da classe trabalhadora.
Só observo dois caminhos para os/as estudantes no próximo período: ou radicalizam nas intervenções, pautando esse reitorado na perspectiva de suas demandas; ou, o menos oportuno, aceitam que eles próprios paguem pela crise, e, dessa forma, serão tragados pela lógica conservadora da Universidade.
O próximo período aponta para o aprofundamento dessas contradições. E cabe a nós do movimento estudantil organizado, capitaneados/as pela nova gestão do DCE, em conjunto com setores progressistas da UFBA, colocar na ordem do dia as intermináveis obras da Universidade, exercendo pressão social e política na Administração Central para que avancemos nessa e no restante de nossas pautas.
Magnífico Reitor: OS/AS ESTUDANTES NÃO PAGARÃO PELA CRISE! NÃO MESMO!
* É militante do Coletivo O Estopim! e integra a executiva municipal da JPT Salvador
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