* Diego Rabelo
A composição em torno das nomeações ministeriais do segundo
mandato da petista Dilma Roussef foi marcada por uma forte pressão dos setores
conservadores que sustentam a base do governo. A cada nova especulação as
bolsas subiram e desceram como choques de adrenalina e diazepam na veia.
Dilma, ao tentar acalmar o mercado, sinalizou figurões do
agrado dos especuladores da bolsa de valores e da mídia tradicional. Mas a
divisão interna na cúpula do PT, e no governo, tem produzido um terreno de
muita instabilidade, contaminando, por tabela, o alto escalão do que será o seu
segundo mandato.
O PMDB passou abertamente a disputar os espaços
institucionais no sentido de incidir no futuro que a cada dia é mais incerto. O
PT, que não pretende abandonar a estratégia de uma governabilidade inchada,
infla novos aliados em postos de comando, no intuito de aliviar a dependência
do PMDB. A bola da vez parece ser o PSD de kassab, que passará a
ocupar ministérios importantes no segundo governo Dilma, sem que isso represente
um alinhamento automático em alguns Estados importantes.
Muito se tem comentado que a cúpula do PT está dividida.
Marta Suplicy, ainda esta semana, concedeu entrevista a ninguém menos que
Eliane Cantanhêde, recentemente demitida da Folha de São Paulo e atualmente no
Estadão, expondo as vísceras do que foi o processo de articulação que
reconduziu o nome de Dilma para a disputa em 2014. Ainda no final do ano
passado, Marta havia deixado o ministério da cultura com uma carta nada
amistosa ao governo.
Para finalizar a rajada de metralhadora, marta disparou: “ou
o PT muda, ou acaba”.
É uma pena que ela tenha se dado conta da necessidade de
mudanças após 3 mandatos presidenciais. O processo de esgotamento do PT
enquanto representante da classe trabalhadora é irreversível, o que não
significa abandonar a correta estratégia de disputar os seus rumos e preparar-se
para um novo período de reorganização.
Resta saber quem terá estômago pra continuar depois desta
catarse.
O último que sair, por favor, apague a luz.
* Pink floydiano e são paulino
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