25 de março de 2018

Mulheres SEM MEDO de mudar a universidade, o Brasil e o mundo!

Rumo ao 8º EME da UNE, que acontecerá entre 30 de março a 1º de abril, na Universidade Federal de Juiz de Fora (MG)




Historicamente a luta pela democratização do acesso à educação tem um protagonismo importante das mulheres organizadas em defesa da mesma. Mesmo sendo maioria nas universidades há duas décadas, a verdade é que as mulheres ainda não encontram nessas instituições um ambiente confortável e acessível diante de suas especificidades. Para além da pouca representatividade das mulheres nas instâncias deliberativas das universidades, ainda resistimos ao machismo e racismo institucional durante todo o nosso percurso acadêmico.

É importante destacar que 70% da população miserável no mundo é composta por mulheres. As mulheres recebem cerca de 30% a menos que os homens; a diferenciação salarial entre mulheres negras e homens brancos chega a ser de 60%. Em contrapartida, é perceptível o aumento significativo das mulheres na luta e ocupação nos postos de chefia, nas universidades, na condução de suas famílias. No entanto, as mulheres são as que ainda recebem menos, mesmo ocupando e executando o mesmo cargo que homens nas empresas, mesmo tendo duplas, muitas vezes até triplas jornadas de trabalho, como consequência de uma estrutura não pensada a priori para as mulheres.

Nas Universidades as barreiras para a nossa permanência nesse espaço são muitas. Desde assédio moral, sexual, falta de assistência estudantil, inexistência de creches, dentre outras violências físicas e psicológicas, como estupros dentro das universidades, sobretudo nas residências universitárias e espaços de integração (calouradas, trotes etc.)

Em tempos de projetos de emendas constitucionais que avançam sobre os direitos das mulheres, a exemplo da PEC181 - que proíbe aborto até mesmo em caso de estupros - e da EC95 - que prevê o teto de gastos em investimentos sociais durante 20 anos (no qual afetará diretamente a educação), é visível que a ausência de políticas públicas para mulheres, o alto índice de feminicídio onde dezenas de mulheres morrem diariamente por questão de gênero, os diversos casos de agressão doméstica  e violência  contra mulher, a falta de efetivação da lei Maria da Penha, deixam escancarado que o desgoverno de Temer não está ao nosso lado.

É mais do que necessário a construção de uma resistência forte contra essas medidas antidemocráticas e misóginas representadas hoje pelo Governo de Michel Fora Temer.

O momento político exige rever e renovar as estratégias historicamente usadas pelas organizações de esquerda. É urgente fortalecer o compromisso coletivo em formar quadros mais difusos e diversos, ultrapassar os muros das Universidades, nos organizar como frente de mulheres nos diversos movimentos sociais para a construção de uma grande agenda de lutas puxada e protagonizada pelas mulheres, denunciando toda a violência desse congresso retrógrado, autoritário, branco, masculino, heterossexual e que não representa os reais interesses das mulheres.

Em razão disso a União Nacional das Estudantes, pelo protagonismo que as mulheres sempre assumiram em suas fileiras, tem o dever e a honra de anunciar o seu    Encontro de Mulheres Estudantes - EME. Com o tema: “Mulheres em movimento: a resistência feminista nas universidades e nas ruas”, o 8º EME da UNE em 2018 comemora 15 anos da Diretoria de Mulheres da entidade e vai reunir mulheres estudantes de todo o  Brasil, nos dias 30, 31 de março e 1 de abril, num espaço auto organizado de debates e proposições, fomentando discussões políticas e fortalecendo a resistência feminista em todas as regiões do país. O encontro acontecerá na Universidade Federal de Juiz de fora - UFJF em Minas Gerais. Serão 3 dias de encontro para que possamos debater uma plataforma e uma agenda feminista, nacionalmente organizada, a fim de construir resistência a atual conjuntura de ataques e retrocessos aos direitos das mulheres.

As mulheres estudantes precisam se atentar para a importância das próximas agendas de lutas que estão colocadas como desafios em 2018. Precisamos nos organizar a fim de eleger o máximo de mandatos feministas Brasil a fora e apontar que a nossa luta contra o machismo é todos os dias: dentro e fora das universidades. Reiterando o que diz o Manifesto do 8º EME da UNE: ‘’O 8º EME tem como linha central as mulheres em movimento, resistindo nas universidades e nas ruas. Convocamos as mulheres de cada canto do país a mostrar que a UNE somos todas nós! As negras, indígenas, quilombolas, LBTs, as estudantes do campo e da cidade. Todas aquelas que constroem diariamente a luta por uma universidade livre do machismo, racismo, LBTfobia e do patriarcado.’’ Nós dos coletivos de juventude: O Estopim!, Manifesta e Veias Abertas, convocamos todas as jovens feministas e estudantes a se somarem para contribuir e participar das sínteses do maior encontro de mulheres estudantes da América Latina.

Nesse sentido, assim como a União Nacional das Estudantes se coloca de forma intransigente na defesa de uma universidade pública, gratuita, democrática, antirracista, feminista e popular, manifestamos também a nossa disposição e braços de luta na tarefa para construir, mobilizar, e fazer parte desse que será com toda certeza o maior e mais potente encontro de mulheres estudantes da UNE.

Precisamos estar em constante movimento e sem medo de fazer a mudança. A luta é árdua, somos atacadas diariamente, somos exterminadas diariamente, derrubam sangue de nossas companheiras diariamente: no último dia 14/03 executaram mais uma mulher Negra, Marielle Franco, moradora da favela, ativista na luta por direitos Humanos. Mulher guerreira que não teve medo de enfrentar os desmandos golpistas, não teve medo de denunciar a violência policial, o genocídio da população negra e das mulheres.

Executaram Marielle para tentar calar a todas nós, mas não vamos nos amedrontar, a luta vai continuar, o grito de Marielle é o grito de todas nós e vamos fazê-lo ecoar por todo o continente.

 #MariellePresente. Hoje e sempre.


Mulheres em movimento e sem medo para mudar as universidades, mulheres em movimento e sem medo para mudar o país, mulheres em movimento e sem medo para mudar o mundo!


+ INFOS

Link sobre dúvidas frequentes:

Link do evento no Facebook:


Link e informações para inscrições:

Link do Manifesto do 8º EME da UNE:




"Incendiado corações e mentes por um feminismo popular!"

Nenhum comentário:

Postar um comentário