8 de abril de 2017

Mais uma vez a Síria


Da Coordenação

Bastaram alguns dias desde o debate realizado no Instituto de Matemática da Universidade Federal da Bahia para que ruísse a já frágil argumentação da "esquerda" pró imperialista sobre o que se passa na Síria. Seria engraçada se não fosse trágica a situação de conflito que se arrasta a seis anos naquele pequeno e estratégico país do Oriente Médio, na luta pelo direito de autodeterminação do seu povo. (Link do debate que foi transmitido pela Mídia Ninja: https://www.facebook.com/MidiaNINJA/videos/853227174835429/?pnref=story)

Os ataques realizados na noite do dia 6 na base aérea de Holms, revelam um conjunto de recados que se expressam de modo bastante assustador quanto ao futuro não apenas da Síria, mas de todos aqueles países e grupos que fizeram a opção pela resistência. Sobretudo, os mísseis balísticos de alta precisão (BMG-109 Tomahawk), sinalizam para o mundo e a indústria da guerra, que está aberta uma nova temporada de negócios. (Fonte: https://twitter.com/ReutersBiz/status/850317898711257089)
 
Do ponto de vista político Trump pôs a prova a capacidade e o prestígio internacional dos Estados Unidos ao contar a mesma história mentirosa das armas químicas para justificar um ato de agressão. Deu certo, pois, a reunião do Conselho de Segurança da ONU revelou o apoio irrestrito da União Europeia e outros atores de maior ou menor peso no órgão. Sem contar, logicamente, o apoio irrestrito das Monarquias do Golfo, Israel e Turquia, principais patrocinadores do terrorismo em território sírio. Não esqueçamos que há uma dívida pendente com wahabitas e sionistas (o Irã dos aiatolás).
 
Mais uma vez os russos ficaram isolados ao lado de uma tímida China, de uma valente Bolívia, de um aguerrido Uruguai e do Irã. (Fonte: https://www.facebook.com/ActualidadRT/videos/10155467991998273/?pnref=story)
 
Mas a ofensiva americana revela ao fundo outras questões:

a) - Russos, podemos atacar quando, onde e com a justificativa que quisermos, sem nos preocuparmos com a opinião pública internacional;

b) - Russos, podemos arrastá-los para um novo Afeganistão prolongando esta guerra à exaustão;

c) - Sauditas e sionistas fiquem tranquilos, pois, independentemente do gestor da Casa Branca, o establishiment continuará dando as cartas;

d) Chineses, vocês serão os próximos (detalhe: o bombardeio foi agendado para o exato momento em que Trump jantava com o presidente da China, Xi Jiping;

e) - Senhores da guerra, as vacas magras passaram e é tempo de ganhar mais dinheiro.

O argumento das armas químicas revela também a absoluta adesão de parte significativa da opinião pública internacional à pressão americana. Revela-se deste modo, pois, não haveria a menor justificativa para que o Exército Árabe Sírio lançasse mão deste tipo de armamento (se é que os têm) tendo em vista que isso apenas justificaria e abriria a possibilidade de uma intervenção estrangeira. Este argumento, enfim, mostra-se cretino e hipócrita, tanto do ponto de vista do seu possível real uso no terreno de batalha, ou seja, sem a menor justificativa, quanto do seu uso como justificativa política para uma intervenção.

No limite, o governo sírio sai vitorioso, mesmo que com grandes perspectivas de desgastes futuros com a possibilidade de um prolongamento do conflito. Fica demonstrado que o terrorismo apenas voltará a ganhar no terreno de batalha com uma intervenção direta do imperialismo americano, o que se verificou horas após o ataque na base de Holms.

Para aqueles que desejavam armas do imperialismo, elas vieram, por tanto, sejam gratos e digam "obrigado" aos seus senhores. Para aqueles que fizeram a opção pela resistência, nada mudou, nos preparemos para o combate.

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