Na avaliação do professor e presidente do Instituto Internacional de Ecologia (IEE), José Galizia Tundisi, aprovação de alguns pontos do novo Código Florestal vai fazer com que o preço da água aumente no Brasil. Ele alerta que a redução das matas ciliares (aquela na margem de rios e lagos) vai interferir diretamente na quantidade e na qualidade da água disponível no País. Segundo o professor, o novo texto está deixando de lado o impacto que o uso dos solos tem sobre as águas.
Novo Código Florestal vai encarecer a água no País
02 de março de 2012 • 09h14
Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo
Sabrina Bevilacqua
Direto de São Paulo
Segundo Tundisi, várias das mudanças propostas no texto do novo Código Florestal, que deve ser apreciado na câmara na próxima semana, serão para pior. Pela lei atual, é proibido plantar ou ocupar áreas de várzea, encostas inclinadas e topos de morro. Essas zonas são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs). O novo texto regulariza as áreas desmatadas até julho de 2008, desobrigando os proprietários a reflorestar essas zonas. Além disso, o código atual prevê a proteção mínima de 30 metros de mata ciliar em rios com até 10 metros de largura. O novo Código reduz essa faixa pela metade, 15 metros.
Tundisi lembra que a vegetação é fundamental para a manutenção do ciclo hidrológico. Além de proteger os rios de contaminações, pois retém materiais em suspensão e metais pesados, a cobertura vegetal colabora para a recarga dos aquíferos subterrâneos. Tundisi prevê que a falta desta vegetação irá interferir significativamente nos recursos hídricos nacionais. Ele afirma que ao aprovar alguns itens do novo código, os agricultores estão dando um tiro no próprio pé. "Eles querem mais áreas para plantar, mas esquecem de que seus principais insumos são água e terras."
Segundo o especialista, à medida que se reduz a proteção aos mananciais, a sociedade fica mais dependente de processos artificiais de despoluição. Para chegar à água potável é necessário usar coagulantes, desinfetantes e uma série de produtos químicos. Quanto maior a poluição, maior a quantidade dessas substâncias e mais complexo se torna o processo. Isso aumenta o preço da água potável. "O custo para purificar a água é de 10 a 20 vezes maior do que proteger as matas ciliares", afirma.
Segundo Tundisi, os tratamentos utilizados no Brasil são eficientes "tanto é que não se vê contaminação em massa por causa da água." A preocupação é com o aumento dos custos da água tratada. "Potabilidade é algo caro. É mais eficiente investir em planos de proteção das fontes", diz.
Tundisi defende ainda um projeto de remuneração para que agricultores não cultivem em terras próximas a mananciais. Como exemplo de sucesso, ele cita regiões da França, famosas pela qualidade da água, onde se paga aos donos de terra 2.000 euros por ano por hectare para manter a vegetação próxima a mananciais protegidas. "Aqui ninguém paga nada", comenta.
Segundo o especialista, à medida que se reduz a proteção aos mananciais, a sociedade fica mais dependente de processos artificiais de despoluição. Para chegar à água potável é necessário usar coagulantes, desinfetantes e uma série de produtos químicos. Quanto maior a poluição, maior a quantidade dessas substâncias e mais complexo se torna o processo. Isso aumenta o preço da água potável. "O custo para purificar a água é de 10 a 20 vezes maior do que proteger as matas ciliares", afirma.
Segundo Tundisi, os tratamentos utilizados no Brasil são eficientes "tanto é que não se vê contaminação em massa por causa da água." A preocupação é com o aumento dos custos da água tratada. "Potabilidade é algo caro. É mais eficiente investir em planos de proteção das fontes", diz.
Tundisi defende ainda um projeto de remuneração para que agricultores não cultivem em terras próximas a mananciais. Como exemplo de sucesso, ele cita regiões da França, famosas pela qualidade da água, onde se paga aos donos de terra 2.000 euros por ano por hectare para manter a vegetação próxima a mananciais protegidas. "Aqui ninguém paga nada", comenta.
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