Ontem, 23, morreu um velhinho muito simpático na República de Udmurtia (cidade de Izhevsk - Russia) aos seus longevos 94 anos de
idade.
Ah, ta! E daí?
Daí, caro leitor/a que este sinhozinho se chama Михаил
Тимофеевич Калашников ou Mikhail Timofeevich Kalashnikov ou simplesmente
kalashnikov. Esse cara inventou uma das armas mais utilizadas no mundo inteiro
em diferentes tipos de combate.
Ta, legal. Mas o que ela tem de tão especial diante das
outras?
Aí que está a questão amiguinho\a. primeiramente ela é o que
se pode chamar do exercício mais simplório e pobre do materialismo e as suas
necessidades objetivas. O Mikhail, mik para os íntimos, percebeu a freqüente reclamação
da tropa com as suas armas, foi até a oficina e saiu de lá com um protótipo que
foi rejeitado pelo exército, uma tal de “ak-46”. Segundamente (perdoem o
neologismo) que o que viria a ser a tal kalashnikov é de tão fácil manuseio que
foi adotada por exércitos regulares e não regulares no mundo inteiro, seja em
combates de guerra civil, seja em combates contra invasores estrangeiros.
Qualquer um\a pode usá-la. Absolutamente, qualquer um\a que
tenha dois braços pode atirar com ela e a chance de sucesso é relativamente
alta.
Parece propaganda de brinquedo. Na areia, na água, no sujo,
no limpo, ela atira e faz estrago. As guerrilhas talibãs, africanas e os
separatistas chechenos, traficantes em diversas partes do mundo a utilizam para
garantirem os seus objetivos militares há muito tempo e, simplesmente, entra
ano e sai ano a kalashnikov resiste. Vejam bem, senhoras e senhores, nós
estamos falando de uma metralhadora da década de 40!
Claro que ela se remodelou e sofreu alterações ao longo do
tempo mas, mecanicamente, como tentarei explicar mais a frente, ela permanece
com a idéia inicial/elementar intacta de grandes variações.
Tem um filme muito bacana que toca, tangencialmente, no
estrago social que essa arma causou nas guerras civis da áfrica. Chama-se o “senhor
das armas”, com o baita ator nicolas Cage, que comercializava aos montes esses
brinquedinhos pra quem tava a fim de brincar de ‘war’.
Mesmo sofrendo com perguntas idiotas, do tipo, “você não tem
arrependimento de ter criado uma arma tão mortífera?”, o velho kalash rebatia
da seguinte maneira: “Eu a inventei para a proteção de nosso país. Não tenho
nenhum arrependimento e não carrego nenhuma responsabilidade sobre como os
políticos a utilizaram”.
Depois dessa, nada mais a acrescentar sobre essas acusações
moralistas.
O que muita gente não sabe é que o senhor kalashnikov não era um
engenheiro militar, ele era uma espécie de mecânico, um sargento, que dava
jeito na parafernália do exército vermelho e observava. Sim, ele tinha um dom
que eu nunca tive, observar com tamanha precisão capaz de criar, a partir de uma
necessidade objetiva, uma arma\instrumento apta para suprir as necessidades dos
combatentes.
O mais fantástico nisso tudo é que o senhorzinho não
completou, sequer, o ensino médio. Parece até o meu vô que só tinha o primário
e calculava área do circulo e do triângulo com fórmulas próprias, além de
pilotar avião e dar jeito em toda tralha que você possa imaginar.
Falando assim me sinto tão inútil. Mas, fazer o que (?!),
pelo menos to aqui tendo a possibilidade de relatar o fato.
Ta. Então vamos à parte técnica da parada.
O nome científico da kalashnikov é, ak-47. Seu acabamento é rústico, sem
os designes dos fuzis americanos e israelenses. Além das partes
de aço, a coronha e a telha são de madeira. Isso mesmo, de madeira, o
que a faz
uma arma leve. Tem uma versão adaptada para uso de pára-quedistas,
chamada de
AKS (este "S" significa skladnoy ou dobrável em russo) com uma
coronha metálica rebatível.
Imagine... você dobra a bichinha guarda na mochila e
desdobra quando quer acertar o alvo.
Além do mais, a ‘ak’ permite rajadas de 600 tiros por
minuto, desempenho este, considerado muito bom, pois facilita o controle da
arma em regime automático. Seu carregador é feito de aço com varias ranhuras
para permitir a aderência e tem capacidade para 30 cartuchos. O desenho
extremamente curvado estilo “banana” desse carregador é a marca registrada do 'ak'.
Literalmente o atirador da uma banana para o seu inimigo.
Se você ta afim de dar um presentinho fofo para quem gosta
de armas e é aficionado na ak-47, tem o modelo quase único aqui. ;)
Maravilha né? Besteirol que vi na internet uns tempos atrás.
Maravilha né? Besteirol que vi na internet uns tempos atrás.
Enfim, acho a ak-47 a expressão máxima do improviso e
precisão que os soviéticos sempre foram capazes de produzir para igualar-se na
disputa com os norte-americanos.
Tem uma brincadeira que reflete bem esse improviso.
Dizem que na época da corrida espacial, americanos e russos
se depararam com o seguinte problema: em órbita as canetas simplesmente não
funcionam.
O que os cientistas ianques fizeram?
Desenvolveram uma super caneta, de ultima geração capaz de escrever no espaço e não falhar nunca mais. Obviamente que custou milhões de dólares aos cofres da nasa.
Desenvolveram uma super caneta, de ultima geração capaz de escrever no espaço e não falhar nunca mais. Obviamente que custou milhões de dólares aos cofres da nasa.
E os russos, o que fizeram?
Passaram a escrever de lápis, ora bolas.
Boas festas pra todos e no próximo texto estou assumindo o
compromisso aqui com todos\as de escrever sobre o grande genenal Georgy Zhukov
e seus inimagináveis feitos pelo exérxito vermelho na segunda guerra mundial.
T+
Diego Rabello
Diego Rabello
Disponível em: http://brindarcomkoquetelmolotov.blogspot.com.br/2013/12/kalashkov-e-representacao-do-improviso.html
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