As articulações para que o aeroporto de Salvador volte a se chamar Dois de Julho, em referência à principal data cívica da Bahia, crescem no estado, com o governador Jaques Wagner (PT) à frente. Em 1998, o terminal foi rebatizado com o nome de Luís Eduardo Magalhães (1955-1998), morto naquele ano enquanto exercia o mandato de deputado federal pela Bahia.
Luís Eduardo era filho do ex-senador e ex-governador da Bahia Antonio Carlos Magalhães (1927-2007). Na ocasião, o governador Wagner era deputado federal e votou na Câmara a favor da mudança.
Nesta terça-feira (5), em sessão no Senado em homenagem à independência da Bahia, comemorada em 2 de julho, o governador citou a amizade com o filho de ACM, mas defendeu a recuperação do nome que batizou o aeroporto de 1955 a 1998. “Refleti e hoje defendo a volta do antigo nome. Nenhum homem individualmente substitui a saga de um povo”, diz governador
“Éramos amigos e, pelo fato de fazermos aniversário na mesma data, muitas vezes comemoramos juntos. Quando surgiu a ideia dessa homenagem, eu fui a favor, mas, passada a tristeza, refleti sobre isso e hoje defendo a volta do antigo nome. Nenhum homem individualmente substitui a saga de um povo”, disse.
O Dois de Julho marca a expulsão, em 1823, das tropas portuguesas de Salvador. A data é tida por historiadores como “injustiçada” no calendário cívico nacional, por ser pouco lembrada fora da Bahia, apesar de ter marcado a consolidação nacional da luta pela independência do Brasil.
O tema da recuperação do nome original do aeroporto tem vindo à tona em julho desde os primeiros anos do governo Wagner, que assumiu em 2007. As articulações ganharam força neste ano. A proposta teria que ser aprovada na Câmara dos Deputados e no Senado para entrar em vigor. Um projeto, de autoria do deputado Luiz Alberto (PT-BA), tramita na Comissão de Educação da Câmara, onde já tem parecer favorável do relator Rui Costa (PT-BA), que foi secretário de Relações Institucionais de Wagner no primeiro mandato.
“As homenagens ao deputado foram feitas de forma expressiva. São 14 colégios-modelo, uma cidade e diversas vias com seu nome no estado”, afirmou Costa, que nega desrespeito à memória do filho de ACM. “Inclusive a família pode concordar, passado o momento de emoção inicial”, disse.
Sobrinho do deputado homenageado, o deputado federal ACM Neto classificou, em entrevista recente, a proposta como “revanchismo”. Reconheceu, contudo, a possibilidade de discutir uma solução que seja “consensual”. O PT defende que o nome do ex-deputado passe a batizar algum setor do aeroporto.
Outra homenagem ao filho de ACM pode sofrer alterações. O memorial Luís Eduardo Magalhães, localizado no canteiro central da avenida Paralela, em Salvador, e onde está depositado o coração do ex-deputado, fica na rota do novo sistema de transporte público da capital baiana e poderá ter que ser deslocado. Prefeitura e governo evitam o tema, ao menos enquanto o projeto final para o sistema não é definido.
Portal Vermelho
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