A mais longa greve do funcionalismo público dos últimos anos tem causado um impacto significativo no movimento de massas no País. Estamos vivendo um período importante onde podemos enxergar claramente que governo – patrões e trabalhadores se encontram em lados opostos. Em nossa avaliação, o processo de greves instalado país afora demonstra uma elevação da tomada de consciência da classe trabalhadora sobre o seu papel. E isso, para um governo de esquerda, não deveria ser considerado algo ruim.
No tocante à greve dos professores, acontece que, de acordo entrevistas e comunicados expedidos, através do MEC ou da AGU, não parece ser essa a opinião do Governo Federal. A pressão exercida sobre os reitores para o envio dos nomes dos grevistas para proceder no corte dos salários tem sido intensa. O Advogado Geral da União, em entrevista na imprensa, deixou claro que reitores que pagam salários a grevistas praticam improbidade administrativa. E o acordo celebrado entre o PROIFES e o Governo, repudiado pela maioria esmagadora dos professores em greve nas assembleias, deixou a situação ainda mais controversa.
Na UFBA, a situação é peculiar. A diretoria da APUB Sindicato tem tentado, desde o mês de maio, frear o movimento docente. Entretanto, em Assembleia realizada no dia 29 de maio, a greve foi deflagrada por ampla maioria. Em seguida à instituição do Comando de Greve, a diretoria convocou um plebiscito para decidir sobre o que a assembleia, legitimamente, já havia decidido. Começava aí uma batalha de idas e vindas dos membros da diretoria para dentro e para fora do comando de greve. Após o não cumprimento de diversas deliberações da categoria e convocar uma assembleia com pauta única “encerramento da greve”, a paciência da base se esgotou e, no último dia 15 de agosto, a diretoria da APUB foi destituída.
M.E.
Ademais, cumpre ressaltar o importante papel cumprido pelo movimento estudantil nesse processo de lutas. Nesse cenário, avaliamos como positiva a instalação do Comando Nacional de Greve Estudantil (CNGE), de modo que o mesmo possa articular a unidade nas reivindicações.
Assim, sintetizando o debate nacional, repudiamos a tentativa do Governo de tentar manobrar para que o texto do PNE que garante 10% do PIB para a educação, aprovado em Comissão Especial da Câmara, volte a ser discutido no plenário da casa em vez de ir diretamente para o Senado. A aprovação desse percentual do orçamento da União para investimento em educação foi uma luta dos estudantes, que após marcha nacional ocupou o Ministério da Educação.
UFBA
Na UFBA, em assembleia histórica com a presença de mais de 2000 estudantes, realizada no dia 06 de junho, a greve foi deflagrada. Essa assembleia foi precedida de dezenas de assembleias de cursos, tanto em Salvador como em Barreiras e Vitória da Conquista. Desse modo, foi instituído o Comando de Greve dos Estudantes, que conta com 2 membros da diretoria do DCE e 2 representantes de cada curso em greve ou estado de mobilização.
Ao longo de mais de dois meses, conseguimos realizar diversas atividades. Dezenas de debates ocorreram pelos mais diversos espaços da universidade, marmitaço, panelaço, audiência pública, vigília, atos de rua, etc., culminando com a ocupação da FAPEX que durou 13 dias, contando com a participação efetiva de dezenas de estudantes que, a partir de muita pressão interna, conseguiram arrancar da reitoria respostas escritas das pautas prioritárias, 2 mesas de negociação e, por fim, o tão esperado edital do “busufba”, para além de outros encaminhamentos práticos para os Pontos de Distribuição dos R.U.s.
Entretanto, salientamos a necessidade da constante mobilização para consecução de pautas fundamentais para o movimento, como a apresentação dos projetos da Residência Universitária 3 e dos Restaurantes Universitários, bem como a abertura imediata das licitações para os Pontos de Distribuição. Ademais, reafirmar a nossa luta ideológica dentro da Universidade contra a precarização do trabalho e a privatização da Universidade, representada pela EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
“Dora, seja Leal! Negocie, já!”
“Dilma, reabra as negociações!”
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