8 de maio de 2012

Para refletir: Onde reside a armadilha?


Nos meses de agosto e setembro de 2011 o movimento estudantil, após diversas mobilizações, aprovou no conselho Universitário uma série de pautas que dizem respeito à assistência estudantil, segurança nos campi, enfim uma estrutura condizente com as nossas necessidades. A ocupação da FAPEX- Fundação de Amparo a Pesquisa, representou o ápice das mobilizações e foi o elemento de pressão utilizado pelos estudantes para garantir da reitora Dora Leal o compromisso com as pautas elencadas. Como é sabido, a reitoria, ao menos em palavras, se disse solidária as nossas reivindicações e encaminhou o prazo de 1º de Abril (data bastante sugestiva) para solução de parte dos problemas elencados.

Como sabemos, nem 10% dos compromissos firmados pela administração central da UFBa foram materializados por ações capazes de solucionar as insuficiências estruturais e de pessoal na Universidade. A residência da Garibaldi ainda não foi entregue, os restaurantes universitários do Canela e de São Lázaro continuam na cota das boas intenções da reitora e seus demais dirigentes e o BUZUFBa... esse nem merece comentários. Os estudos elaborados pela ADM. Central parecem pensados apenas para o calhamaço de papéis a figurar pelas mesas da burocracia.
Como se não bastasse essa série de problemáticas sem solução, a senhora reitora, após mais um caso de risco a integridade dos seus componentes, firmou um acordo com o comando da polícia militar para o policiamento do seu “entorno”. Indagada pela diretora do DCE- Marina Fernandes- sobre a confirmação da PM apenas no entorno dos campi a magnífica reitora foi taxativa ao dizer: “É apenas no entorno!”. Desde então diversos relatos e registros seguem acontecendo ao longo dos dias pelos diversos estudantes, militantes ou não, referentes ao trânsito de policiais fardados dentro dos campi.

A presença da policia dentro da Universidade precisa ser analisada para além das suas aparências fictícias, calcadas em falsa polêmica que polariza de um lado, o jargão do movimento estudantil de agressão a autonomia e do outro necessidade de mais segurança. Pra começar, é necessário relembrar que o plano de segurança da Universidade já foi aprovado e re-aprovado em sucessivos Conselhos Universitários e vilipendiado pelos seus executores por “n” motivos. O segundo aspecto importante de ser relembrado é que, não defender a polícia militar dentro do campus é ser conivente com os supostos pontos de consumo de drogas por parte de alguns estudantes. Aliás, explorar a questão dessa forma é, no mínimo, cretinice.

Ao colocar a PM dentro campus a senhora reitora joga na confusão, na intenção de confundir os setores organizados do movimento estudantil, desviando o seu foco e apostando na sua dispersão do que é central. Afinal de contas, após mais uma promessa descumprida pela reitoria, o movimento estudantil deveria retomar as suas mobilizações e se dirigir a reitoria com todas as suas reivindicações. Todos nós sabemos o quão apelativo é o tema da segurança no nosso Estado, na nossa cidade, bem como é crítica a situação dentro e no entorno da Universidade.

É possível que ao jogar na confusão, Dora pretenda colocar o movimento estudantil contra os estudantes, pois estes já deram provas que em momentos de desespero tem inclinação para a presença da PM no campus em nome de uma pseudo-segurança. Foi assim em 2008, após um estupro ocorrido na faculdade de Dança, que ADM. Central se preveniu das mobilizações estudantis que visavam questionar a não aplicação do plano de segurança. O M.E. não deve subestimar essa pauta, nem as movimentações de Dora, pois é nela que reside o embrião impulsionador da organização do conservadorismo na UFBa. Aí reside o perigo!

Em outras palavras, alertamos o conjunto do movimento estudantil, o seu setor mais organizado que, as intenções da senhora reitora com a PM podem ir além da falta de segurança.

Um outro exercício importante de ser feito do ponto de vista da conjuntura nacional é a questão da comissão nacional da verdade, que foi aprovada há alguns meses e tem encontrado resistência nos setores conservadores. Assim como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras cidades houveram importantes mobilizações em torno da investigação dos crimes contra a ditadura militar, Salvador também prepara as suas mobilizações. Naturalmente, um dos ambientes mais propícios para este tipo de manifestação, que ganha força em âmbito nacional, a UFBa poderia estar sendo “protegida” deste tipo de ação, afinal de contas a histeria reacionária que se espalhou pelo país tem dado resultado quanto ao não andamento da pauta.

Recentemente diversos militantes dos direitos humanos foram reprimidos da forma mais brutal e covarde já vista nos últimos tempos, por protestarem contra os festejos do dia 1º de Abril pelo Clube militar. Especulações a parte, o movimento estudantil deve estar atento, pois, diversos militantes tiveram as suas vidas reviradas, como métodos muito semelhantes aqueles utilizados durante a ditadura após os atos

Estaria o movimento estudantil da UFBa distante dessa realidade?

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