Nos meses de agosto e setembro de 2011 o movimento
estudantil, após diversas mobilizações, aprovou no conselho Universitário uma
série de pautas que dizem respeito à assistência estudantil, segurança nos
campi, enfim uma estrutura condizente com as nossas necessidades. A ocupação da
FAPEX- Fundação de Amparo a Pesquisa, representou o ápice das mobilizações e
foi o elemento de pressão utilizado pelos estudantes para garantir da reitora
Dora Leal o compromisso com as pautas elencadas. Como é sabido, a reitoria, ao
menos em palavras, se disse solidária as nossas reivindicações e encaminhou o
prazo de 1º de Abril (data bastante sugestiva) para solução de parte dos
problemas elencados.
Como sabemos, nem 10% dos compromissos firmados pela
administração central da UFBa foram materializados por ações capazes de
solucionar as insuficiências estruturais e de pessoal na Universidade. A
residência da Garibaldi ainda não foi entregue, os restaurantes universitários
do Canela e de São Lázaro continuam na cota das boas intenções da reitora e
seus demais dirigentes e o BUZUFBa... esse nem merece comentários. Os estudos
elaborados pela ADM. Central parecem pensados apenas para o calhamaço de papéis
a figurar pelas mesas da burocracia.
Como se não bastasse essa série de problemáticas sem
solução, a senhora reitora, após mais um caso de risco a integridade dos seus componentes,
firmou um acordo com o comando da polícia militar para o policiamento do seu
“entorno”. Indagada pela diretora do DCE- Marina Fernandes- sobre a confirmação
da PM apenas no entorno dos campi a magnífica reitora foi taxativa ao dizer: “É
apenas no entorno!”. Desde então diversos relatos e registros seguem
acontecendo ao longo dos dias pelos diversos estudantes, militantes ou não,
referentes ao trânsito de policiais fardados dentro dos campi.
A presença da policia dentro da Universidade precisa ser
analisada para além das suas aparências fictícias, calcadas em falsa polêmica
que polariza de um lado, o jargão do movimento estudantil de agressão a
autonomia e do outro necessidade de mais segurança. Pra começar, é necessário
relembrar que o plano de segurança da Universidade já foi aprovado e
re-aprovado em sucessivos Conselhos Universitários e vilipendiado pelos seus
executores por “n” motivos. O segundo aspecto importante de ser relembrado é
que, não defender a polícia militar dentro do campus é ser conivente com os
supostos pontos de consumo de drogas por parte de alguns estudantes. Aliás,
explorar a questão dessa forma é, no mínimo, cretinice.
Ao colocar a PM dentro campus a senhora reitora joga na
confusão, na intenção de confundir os setores organizados do movimento
estudantil, desviando o seu foco e apostando na sua dispersão do que é central.
Afinal de contas, após mais uma promessa descumprida pela reitoria, o movimento
estudantil deveria retomar as suas mobilizações e se dirigir a reitoria com
todas as suas reivindicações. Todos nós sabemos o quão apelativo é o tema da
segurança no nosso Estado, na nossa cidade, bem como é crítica a situação
dentro e no entorno da Universidade.
É possível que ao jogar na confusão, Dora pretenda colocar o
movimento estudantil contra os estudantes, pois estes já deram provas que em
momentos de desespero tem inclinação para a presença da PM no campus em nome de
uma pseudo-segurança. Foi assim em 2008, após um estupro ocorrido na faculdade
de Dança, que ADM. Central se preveniu das mobilizações estudantis que visavam
questionar a não aplicação do plano de segurança. O M.E. não deve subestimar
essa pauta, nem as movimentações de Dora, pois é nela que reside o embrião
impulsionador da organização do conservadorismo na UFBa. Aí reside o perigo!
Em outras palavras, alertamos o conjunto do movimento
estudantil, o seu setor mais organizado que, as intenções da senhora reitora
com a PM podem ir além da falta de segurança.
Um outro exercício importante de ser feito do ponto de vista
da conjuntura nacional é a questão da comissão nacional da verdade, que foi
aprovada há alguns meses e tem encontrado resistência nos setores
conservadores. Assim como Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre e outras
cidades houveram importantes mobilizações em torno da investigação dos crimes
contra a ditadura militar, Salvador também prepara as suas mobilizações.
Naturalmente, um dos ambientes mais propícios para este tipo de manifestação,
que ganha força em âmbito nacional, a UFBa poderia estar sendo “protegida”
deste tipo de ação, afinal de contas a histeria reacionária que se espalhou
pelo país tem dado resultado quanto ao não andamento da pauta.
Recentemente diversos militantes dos direitos humanos foram
reprimidos da forma mais brutal e covarde já vista nos últimos tempos, por
protestarem contra os festejos do dia 1º de Abril pelo Clube militar.
Especulações a parte, o movimento estudantil deve estar atento, pois, diversos
militantes tiveram as suas vidas reviradas, como métodos muito semelhantes
aqueles utilizados durante a ditadura após os atos
Estaria o movimento estudantil da UFBa distante dessa
realidade?
Nenhum comentário:
Postar um comentário