O dia 11 de fevereiro de 2011 ficará marcado na história, não apenas do Egito, mas de todo o mundo. O dia 11 de fevereiro de 2011 marca a queda de uma ditadura que perdurou por 30 anos no Egito - e com a marca histórica da força popular.
As imagens que são vistas da população egípcia nas ruas do Cairo impressionam pela energia que transmitem: a força da alegria da vitória desse povo heróico realmente emociona. A vitória do povo egípcio está longe ainda de ser a conquista da liberdade e, ainda mais distante, a construção da democracia. Entretanto, a queda de um regime que asfixiou o Egito por 30 anos é o primeiro passo - e que passo! - para se chegar à tão sonhada conquista de direitos civis, liberdade e democracia.
Mubarak deixa pelo menos duas viúvas de seu regime: Israel e Estados Unidos. Ambos sustentavam o regime de Hosni Mubarak no Egito - logo os Estados Unidos, que justificam suas incursões militares no mundo como uma cruzada pela liberdade e pela democracia... A queda de Mubarak, de certa forma, mostra a fragilização da influência dos Estados Unidos no mundo - e consequentemente, a fragilização de Israel, que deve boa parte de sua força política ao país norte-americano.
Além de Mubarak, o general Omar Suleiman também renunciou, decretando que, momentaneamente, um conselho militar assuma o comando do Egito. A tendência é que essa junta militar administre o país pelos próximos meses, visto que as eleições no Egito estão marcadas para setembro. O que é preciso atentar é com relação à Constituição egípcia, que, segundo analistas, determina que em caso de queda de governantes como a que aconteceu hoje, as eleições devem ser chamadas num prazo máximo de 2 meses.
Apesar dessa grande vitória da população, a guerra não está resolvida. Existe o risco, agora, de que Suleiman venha a concorrer nas próximas eleições, determinando o retorno do regime. Vale lembrar que um regime ditatorial não é composto somente pelo ditador-em-chefe. Um regime envolve ramificações em todas as estruturas e envolve um número gigantesco de pessoas - ainda mais tratando-se de uma ditadura de 30 anos - entre membros da facção política no poder e aqueles que se beneficiam, de alguma forma, das relações com os homens no poder.
Tunísia, Iêmen, agora Egito... A efervecencia desses povos pela liberdade começam a contaminar toda a região. As transmissões sobre o Egito estão censuradas no Irã - nada pode ser transmitido! Apesar da resistência dos detentores do poder, existe uma grande possibilidade de estarmos acompanhando uma mudança cultural importante no Oriente Médio. Não é possível determinar a extensão, mas já é possível perceber que esses povos já não estão mais dispostos a abdicar de suas liberdades civis e políticas.
Cabe a todos nós apoiarmos esse processo e estarmos absolutamente vigilantes com relação aos movimentos que os apoiadores dos regimes ditatoriais do Oriente Médio possam fazer.
Esperemos que essa junta militar cumpra exatamente o seu papel, ou seja: administrar o país e organizar as eleições democraticamente para o prazo máximo de setembro, apesar da constituição determinar que essas eleições aconteçam em no máximo 2 meses. E que o próximo governo consiga realizar as reformas políticas necessárias para colocar o Egito no caminho da democracia.
Mesmo assim, apesar de todas as preocupações, hoje é dia de comemorar. E só! Parabéns ao povo egípcio por essa enorme vitória!
Fonte: blogdomirgon.blogspot.com
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