Aproximadamente há dois meses a presidente Dilma suspendeu o Kit anti-homofobia. Kit que continha cartilhas e vídeos a serem distribuídos nas escolas, para que os tais futuros da nação aprendam a respeitar o homossexual não por obrigação, mas, que por serem humanos e, portanto iguais, devem gozar de todos os direitos preestabelecidos constitucionalmente. Já é hora dos tempos do “abaixo o próximo” deixar de existir.
A decisão da presidenta ratificou o quanto a democracia tão aclamada, o poder do povo, nunca existiu. O Estado nunca foi laico, os princípios de isonomia e isogoria jamais estiveram intrínsecos na sociedade. O tão sonhado bem comum, só se torna corriqueiro quando atinge o interesse da minoria burguesa. A censura proposta pelos conservadores religiosos me fez recordar daquele AI-5 dos tempos de Castello Branco, Médice, Geisel e Fiqueiredo. Um verdadeiro “frio na espinha”.
Apesar de passado milênios, da “destruição de Sodoma e Gomorra” à suspensão do Kit, pouca coisa mudou. De lá para cá os antigos sodomistas foram renomeados como homossexuais. Deixaram de ser empalados e queimados na Inquisição da Idade Média para serem assassinados, um a cada três dias, pelos skinheads. Passaram de criminosos e imorais à portadores de doença mental. De hereges para incomum e não natural. Sem mencionar a tal peste gay, quando os homossexuais foram culpabilizados pela difusão da AIDS. É, mudaram os personagens e nomenclaturas, mas intencionalidade continua escancarada.
É lamentável ver que um projeto bastante avançado para os tempos atuais acabara triturado para não ferir o que eles chamam de bons costumes. É lastimável presenciar um representante do povo, deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), discursar com frases homofóbicas e racistas e receber apenas uma notificação. O kit, assim como o casamento e a união estável gay fere o interesse da paz heterossexual pregada pela burguesia e ao mesmo tempo potencializa uma igualdade tão temida por eles. A lógica criada de que somente a heterossexualidade é a sexualidade útil e aceita ficou ameaçada.
Ao contrário do que eles pregam, não se trata de promoção à homossexualidade. O kit está relacionado ao respeito à vida, à quebra de um preconceito que tanto lesa os LGBTT. Em tempos que classifico de pré-revolucionário nosso povo há de ser livre. Permanentemente livre. Essencialmente livre. Os homossexuais podem sim construir relações, famílias, trabalhar e sonhar. Gente como a gente! Bons costumes não podem ser sinônimos de exclusão e homofobia. Que só se tornarão bons, quando a igualdade for posta em primeiro plano.
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