* Por Frederico Perez/ Graduando da EEUFBA
Há dois pontos a serem discutidos nesse debate. O primeiro é que há uma grande necessidade histórica referente à demanda por alimentação por parte de estudantes, funcionários e professores na Universidade. O segundo aspecto é a necessidade de inclusão da população, principalmente a de origem popular, no seio do universo acadêmico universitário. Essa proposta é interessante, pois conseguimos através de uma única proposta, articular as duas proposições de uma só vez.
A abertura do Restaurante Universitário de Ondina (RU) se arrasta por mais de 10 anos sem nenhuma perspectiva concreta de data para funcionamento, sendo que essa possibilidade está tramitando na justiça. Com a mudança do perfil do estudante, através das cotas, e com aumento de vagas pelo REUNI, aumentou-se a demanda por Assistência Estudantil, ao qual não foi encarada como prioridade e com responsabilidade da atual Reitoria da UFBA. O Restaurante Popular, como alguns dizem, não impossibilitará a implantação de pontos de distribuição do RU Ondina no Canela ou em São Lázaro, pelo contrário, aumentará as possibilidades de ofertas para os estudantes (como campos de estágio para nutrição e outras áreas) e comunidade em geral.
A diminuição de investimentos nas atividades de extensão diminuiu assustadoramente e a UFBA a cada dia que passa se fecha em sua “bolha”, e não consegue dialogar de forma ampla com a comunidade que a rodeia e também atuar como geradora de conhecimento. Um exemplo desse afastamento Universidade- Comunidade é a implantação das cercas, que não a protegem de fato, mas coloca uma barreira simbólica excludente do povo. A idéia da construção do Restaurante Popular, no Canela, viria para tentar quebrar esse paradigma, pois a Universidade é de todos. E por que justamente no Canela? Também ao contrário do que muitos dizem, essa região tem muitos estudantes em vulnerabilidade socioeconômica, uma grande gama de ambulantes que trabalham no Campo Grande e Avenida sete de setembro, pessoas do interior do estado que vem para o Hospital das Clínicas, além da população dos bairros do Calabar, Campo Santo, Gamboa de Baixo, entre outros da região circunvizinha. Essa é uma medida palpável e que está bem próxima de execução, basta a Reitoria apoiar a proposta.
A implantação do Restaurante Popular, a modelo dos já existentes no Comércio e Liberdade em Salvador, e oferece refeições pelo preço de R$1,00, seria uma parceria da UFBA com o Governo do estado da Bahia. A Universidade cederia o terreno e o Governo entraria com a construção e a manutenção do funcionamento do Restaurante que, inicialmente atenderia 2000 refeições diárias, apenas no horário do almoço. Nesse momento, estamos com dificuldades na escolha do local adequado, com possibilidades arquitetônicas de construção com carga e descarga de materiais de consumo, mas estamos na luta pela demarcação desse espaço.
A reivindicação central nesse momento é a ampliação da Assistência Estudantil, onde precisamos garantir o fornecimento de alimentação de qualidade e baixo custo para toda a demanda apresentada pelos estudantes. Não dá mais pra encontrar estudante com fome e sem alternativa ter de pagar de R$10 a R$15 reais num quilo de comida nas cantinas espalhadas pela Universidade ou comer cachorro quente no almoço. Isso é inconcebível.
Por isso, nós de “O Estopim!”, apoiamos a iniciativa coletiva da Representação das Residências da UFBA em construir e articular essa proposta. Desde o início da formulação do Fórum de Assistência Estudantil estávamos presentes e mesmo com a não priorização do DCE relacionado à pauta, entendemos a imensa importância e estamos firmes e fortes na defesa dos direitos dos estudantes. Convidamos você a construir conosco esse momento. Saudações em luta!
“... que se pinte de negro, que se pinte de mulato, que se pinte de operários e de camponeses, que se pinte de povo, por que a Universidade não é patrimônio de ninguém e pertence ao povo". (Ernesto Che Guevara)
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