Em sua estréia - e das mulheres - na abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas, Dilma Rousseff cobra reforma do Conselho de Segurança, com assento permanente ao Brasil, para devolver-lhe 'legimitidade'. Em discurso de 24 minutos em que foi aplaudida quatro vezes, também defende 'ingresso pleno' da Palestina na ONU e 'crescimento' como opção contra crise global.
André Barrocal
Na primeira vez que uma mulher abriu a Assembléia Geral das Nações Unidas em 66 anos, a presidenta Dilma Rousseff defendeu, nesta quarta-feira (21), que o Brasil tenha assento permanente no Conselho de Segurança; o reconhecimento formal da Palestina, com o ingresso dela na ONU; e que os países enfrentem a crise econômica global com crescimento e, não, recessão.
Para Dilma, é urgente e não dá para “protelar mais” a reforma do Conselho de Segurança, debate que se arrasta há 18 anos. A legitimidade do Conselho, criado numa geopolítica que ficou para trás, depende desta reforma, disse a presidenta, numa das quatro vezes em que arrancou aplausos da Assembléia durante o discurso de 24 minutos.
“O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea, que incorpore novos membros permanentes e não permanentes, em especial, representantes dos países em desenvolvimento”, disse Dilma. “O Brasil está pronto para assumir suas responsabilidades como membro permanente.”
Segundo a presidenta, um Conselho mais legítimo seria mais eficiente para coordenar respostas a situações surgidas, por exemplo, na “Primavera Árabe”, com manifestações a reivindicar democracia e liberdade numa série de países. O Brasil, disse Dilma, se solidariza com o “ideal de liberdade” e repudia “com veemência a repressão brutal” que vitimou civis nestes movimentos.
Salientando o passado de perseguida e torturada política, Dilma condenou “autoritarismo, xenofobia, miséria, pena capital e discriminação” como “algozes dos direitos humanos” - presentes em todos os países, é preciso reconhecer, disse ela.
Neste momento, ela saudou o país caçula da ONU, o Sudão do Sul, que debutou na Assembléia Geral. E lamentou não poder dar uma segunda boas vindas. Para Dilma, o sonho de soberania é um direito “legítimo do povo palestino” que, se realizado, ajudaria a promover a paz no Oriente Médio. “Acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título”, afirmou Dilma, outra vez inspirando palmas.
Mulheres e crise econômica
A primeira salva de palmas ocorreu logo no início do discurso, quando a presidenta referiu-se ao fato de ser a primeira mulher a abrir a Assembléia. Para ela, quem se exprimia ali, naquele momento, era a “voz da democracia e da igualdade”, que se amplia no mundo.
Depois de dizer-se orgulhosa e de prever um “século das mulheres”, Dilma entrou direto no assunto que mais agita a comunidade internacional hoje, por atingir diretamente países ricos: a crise econômica global. Foi o tema que mais ocupou espaço no discurso da brasileira.
A presidenta classificou o momento atual de “extremamente delicado”. Disse que não é hora de procurar culpados pela crise, até porque já são bastante conhecidos. Criticou a falta de “recursos políticos”, em especial nos países ricos, para resolver os problemas. Reclamou do protecionismo como opção. Lamentou os efeitos sobre o desemprego, hoje superior a 200 milhões no mundo.
Segundo Dilma, os países em desenvolvimento podem ajudar a atravessar a crise, mas é preciso que fóruns globais como a ONU, o G20 (grupo das maiores economias do mundo), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) conversem e negociem mais. É necessário, disse, regular mais o setor financeiro. E, sobretudo, preferir a arma do crescimento à da estagnação.
“A solução do problema de dívida [dos governos] deve ser combinada com crescimento econômico. Há sinais evidentes de que os ricos estão no limiar da recessão”, afirmou Dilma, para quem “a prioridade mundial” deve ser resolver a questão fiscal daqueles países – sem crescer e gerar receita, seria mais difícil.
Mas Dilma não deixou de dizer, mais uma vez, que o Brasil tem sido menos afetado pela crise, embora “a capacidade de resistência [do país] não é ilimitada”. Ela vendeu ações do governo e a possibilidade que o Brasil tem hoje de usar o mercado interno para sair-se bem, em meio a turbulências.
Ao encerrar o discurso, a presidenta voltou ao tema da participação feminina na política. Saudou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por estimular esse tipo de debate, ao coordenar a criação da ONU Mulher, referência que rendeu a Dilma sua quarta salva de palmas.
Para Dilma, é urgente e não dá para “protelar mais” a reforma do Conselho de Segurança, debate que se arrasta há 18 anos. A legitimidade do Conselho, criado numa geopolítica que ficou para trás, depende desta reforma, disse a presidenta, numa das quatro vezes em que arrancou aplausos da Assembléia durante o discurso de 24 minutos.
“O mundo precisa de um Conselho de Segurança que venha a refletir a realidade contemporânea, que incorpore novos membros permanentes e não permanentes, em especial, representantes dos países em desenvolvimento”, disse Dilma. “O Brasil está pronto para assumir suas responsabilidades como membro permanente.”
Segundo a presidenta, um Conselho mais legítimo seria mais eficiente para coordenar respostas a situações surgidas, por exemplo, na “Primavera Árabe”, com manifestações a reivindicar democracia e liberdade numa série de países. O Brasil, disse Dilma, se solidariza com o “ideal de liberdade” e repudia “com veemência a repressão brutal” que vitimou civis nestes movimentos.
Salientando o passado de perseguida e torturada política, Dilma condenou “autoritarismo, xenofobia, miséria, pena capital e discriminação” como “algozes dos direitos humanos” - presentes em todos os países, é preciso reconhecer, disse ela.
Neste momento, ela saudou o país caçula da ONU, o Sudão do Sul, que debutou na Assembléia Geral. E lamentou não poder dar uma segunda boas vindas. Para Dilma, o sonho de soberania é um direito “legítimo do povo palestino” que, se realizado, ajudaria a promover a paz no Oriente Médio. “Acreditamos que é chegado o momento de termos a Palestina aqui representada a pleno título”, afirmou Dilma, outra vez inspirando palmas.
Mulheres e crise econômica
A primeira salva de palmas ocorreu logo no início do discurso, quando a presidenta referiu-se ao fato de ser a primeira mulher a abrir a Assembléia. Para ela, quem se exprimia ali, naquele momento, era a “voz da democracia e da igualdade”, que se amplia no mundo.
Depois de dizer-se orgulhosa e de prever um “século das mulheres”, Dilma entrou direto no assunto que mais agita a comunidade internacional hoje, por atingir diretamente países ricos: a crise econômica global. Foi o tema que mais ocupou espaço no discurso da brasileira.
A presidenta classificou o momento atual de “extremamente delicado”. Disse que não é hora de procurar culpados pela crise, até porque já são bastante conhecidos. Criticou a falta de “recursos políticos”, em especial nos países ricos, para resolver os problemas. Reclamou do protecionismo como opção. Lamentou os efeitos sobre o desemprego, hoje superior a 200 milhões no mundo.
Segundo Dilma, os países em desenvolvimento podem ajudar a atravessar a crise, mas é preciso que fóruns globais como a ONU, o G20 (grupo das maiores economias do mundo), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial (Bird) conversem e negociem mais. É necessário, disse, regular mais o setor financeiro. E, sobretudo, preferir a arma do crescimento à da estagnação.
“A solução do problema de dívida [dos governos] deve ser combinada com crescimento econômico. Há sinais evidentes de que os ricos estão no limiar da recessão”, afirmou Dilma, para quem “a prioridade mundial” deve ser resolver a questão fiscal daqueles países – sem crescer e gerar receita, seria mais difícil.
Mas Dilma não deixou de dizer, mais uma vez, que o Brasil tem sido menos afetado pela crise, embora “a capacidade de resistência [do país] não é ilimitada”. Ela vendeu ações do governo e a possibilidade que o Brasil tem hoje de usar o mercado interno para sair-se bem, em meio a turbulências.
Ao encerrar o discurso, a presidenta voltou ao tema da participação feminina na política. Saudou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, por estimular esse tipo de debate, ao coordenar a criação da ONU Mulher, referência que rendeu a Dilma sua quarta salva de palmas.
Fonte: Carta Maior
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