* Bruna Jacob
Hoje é 8 de março: O tradicional dia de distribuição de flores pras mulheres.
Ganhamos flores nos supermercados, lojas, em casa e no trabalho.
Mas respeito que é bom: N-A-D-A!
Recebemos flores em todos os 8 de março.
Rosas vermelhas.
Vermelhas da cor do nosso sangue que escorre 365 dias por ano.
No dia de hoje, eu não quero flores.
Nem quero nenhum parabéns, ou elogio pra disfarçar o seu machismo que no restante do ano só nos traz dores.
Não, não precisamos disso.
O que nós precisamos todos os dias por ano, ano após ano: é derrubar o capital, o racismo e o patriarcado!
Portanto, guarde sua rosa pra você. E fique bem ligado.
Se liga no nosso recado:
- Das lojas e do supermercado, nós queremos o fim da mercantilização do nosso corpo.
- No trabalho o que buscamos é equiparação salarial e um trabalho que não seja escravo.
- Queremos também o fim dos assédios sexuais e morais que assombram milhares de nós no mercado de trabalho.
Isso quando inseridas nele estamos, pois ainda dizem que muitas de nós ''não nasceu pra esse ramo''.
Trabalhar é coisa de homem, imagina só que pensamento mais insano?
- Dentro dos nossos lares liberdade é o que buscamos.
- Desejamos não mais sentir o medo de ser morta por quem a gente escolheu pra ser nosso companheiro.
Companheiro que mata, agride e controla. Que acha que dividir as tarefas domésticas é favor e que essa coisa de feminismo é mania de mulher chata que ta na moda.
Gritamos em alto e bom som: ESTAMOS FORA!
Portanto, guarde sua rosa pra você. Nós não queremos rosas.
Nós queremos o fim da cultura do estupro.
Almejamos um mundo que pras mulheres seja seguro.
Sonhamos com o fim desse eterno luto por cada uma de nós que morre a cada minuto.
Por isso não, não precisamos de flores.
Nós precisamos é de empatia e de cuidados. Precisamos de cada dia mais aliados.
Precisamos transformar todo luto em luta, afim de que essa sociedade não mais nos criminalize enquanto puta.
Puta sou eu, puta é você, sua mãe, sua irmã, companheira, e cunhada.
Puta somos todos nós que não recebemos respeito durante os 365 dias do ano, mas quando de alguma violência reclamamos, nos resumem a flores num dia que era pra ser de luta e pelo capital foi apropriado.
É certo que não precisamos de flores.
Precisamos de foices, martelos, e não mais senhores.
Precisamos de autonomia sobre o nosso corpo, e por homem nenhum jamais ter a nossa vida arrancada como um sopro.
* é Coordenadora Geral do Coletivo O Estopim! - BA e Coordenadora de Formação Política do DCE/UFBA.
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