Por Diego Rabelo*
A luta do ex-guerrilheiro dos PAC Cesare Battisti deu origem a um livro interessante, “Minha fuga sem fim”. A história é bem instigante, na verdade é uma mescla de autobiografia com estórias policiais. Em certos momentos inclusive, é difícil distinguir onde para o relato e se iniciam as estórias.
O certo é que com o debate sobre os direitos humanos colocado no centro das questões para os movimentos sociais, não podemos passar batidos sobre o caso Battisti. Com o atual estágio de desenvolvimento do capitalismo e sua jurisdição é absurdo cogitar que algo semelhante ao caso possa se concretizar em favor da extradição. Não há provas! O Acusado jamais fora ouvido em um tribunal italiano. Tudo se baseia em indícios, no mínimo esdrúxulos de quatro assassinatos cometidos em regiões diferentes da Itália em menos de duas horas.
Não há suporte válido para incriminar Cesare. Mas por que esse afã do governo italiano em sua extradição? Difícil saber ao certo, mas as hipóteses são diversas que muitas vezes chega próxima da teoria da conspiração. É difícil entender o motivo do governo italiano em oferecer ao governo francês a troca da liberdade de Cesare pela construção de uma estrada de ferro que possibilitaria o escoamento de matérias primas por toda Europa.
O governo do Partido dos Trabalhadores tão protagonista na sua política externa não pode aceitar a pressão dos fascistas italianos que querem usar Cesare como bode expiatório de uma história sangrenta enterrada pelos anos de chumbo. Deportar Cesare significa coadunar com a criminalização dos movimentos sociais. Significa aceitar a lógica eterna de periferia das potências tradicionais. Significa que estaremos dando muitos passos atrás no importante debate sobre direitos humanos.
Lula, liberte Cesare!
*Rabelo é estudante da UFBa, ativista da luta por direitos humanos e militante do coletivo marxista O Estopim!
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