18 de junho de 2010

ONU...me faça uma garapa...

 Por Diego Rabelo*

O conselho de segurança da ONU votou na semana passada a questão sobre as sanções ao Irã. O placar de 11 votos a 2 (Brasil e Turquia) com uma abstenção não surpreendeu a comunidade internacional, porém há um elemento simbólico e relevante nessa situação: a postura da política externa brasileira. É fato, muita coisa mudou no planalto desde que o governo liderado pelo Partido dos Trabalhadores assumiu em 2002. Pelo menos em termos de representatividade e formulação o país deixou de ter uma postura entreguista e adesista cega propostas pelas cartilhas imperiais.


O chanceler Celso Amorim, em entrevista ao “Roda Viva”, se disse bastante preocupado com o futuro da ONU. É verdade que este organismo nunca foi democrático, aliás, quem acreditou que ele poderia funcionar de maneira a colaborar com a paz e ajuda humanitária pelo mundo se enganou. Na verdade a ONU é um “fake”- como muitas coisas no capitalismo, que goza de representatividade nos países “civilizados”, mas que não tem a mínima capacidade de apresentar soluções eficazes e justas para os conflitos internacionais. (Acreditar no contrário é esperar presentinhos pela chaminé).

No entanto, é importante entender alguns elementos da postura do Brasil na ONU. O fato de um país, sem tradição belicosa, ser protagonista em uma proposta que visou superar o problema do Irã demonstra a reviravolta que o tabuleiro geopolítico vem sofrendo desde a Guerra Fria. No mínimo, a iniciativa brasileira serve para mais uma vez demonstrar para que e para quem serve a ONU, ou seja, um organismo das superpotências do globo, com a pomposa “legitimidade” do seu nome, para impor ao mundo a sua vontade.

Eu não sei, ou melhor, não acredito que a postura tática do Itamaraty seja de mostrar a comunidade internacional que a ONU não funciona. Mas acho que este desgaste sobre as potências, tem um intuito de mostrar ao mundo que a ONU precisa ser reformada e essa reforma passa pela ampliação do conselho permanente desta. Seja como for, a médio e longo prazo, para as pretensões do governo a postura é acertada, porém insuficiente. Vamos aguardar o desenrolar das coisas.

O fato real é que o Irã não representa perigo algum a paz e estabilidade mundial, até porque, os próprios inspetores dos EUA já disseram que a quantidade de Urânio enriquecido pelos iranianos não significa que tenham a tecnologia necessária para produzir a bomba.  Do seu lado a postura dos EUA é uma manifestação adotada desde a queda da URSS: “Agora somos (A) polícia do mundo”. Porém, o império estadunidense paga caro a cada ação semelhante a esta, pois, o sentimento antiimperialista assola as nações exploradas e isso esta ficando cada vez mais difícil de controlar. Além de mais custoso.

*Rabelo é estudante de Museologia da UFBa e coordenador geral do coletivo O Estopim!

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